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Consumo de eletricidade nos `data centres` deverá "mais que duplicar" até 2030

por Lusa

O consumo de eletricidade nos centros de dados deverá "mais que duplicar" até 2030, impulsionado pelo aumento da Inteligência Artificial (IA), agravando as ameaças à segurança energética e pelas emissões de dióxido de carbono, segundo um estudo hoje divulgado.

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), os centros de dados, ou `data centres`, foram responsáveis pelo consumo de 415 terawatt-hora (TWh), o equivalente a cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade.

Os EUA são o principal consumidor de energia para centros de dados, com 45%, seguindo-se a China (25%) e a Europa (15%).

A AIE assinala que a IA tem "o potencial para transformar o setor energético", uma vez que serão necessários centros acessíveis, confiáveis e sustentáveis para o desenvolvimento desta tecnologia, que depende da energia.

"Um `data centre` típico focado em IA consome tanta eletricidade quanto 100.000 casas, mas os maiores hoje em construção vão consumir 20 vezes mais", alerta a AIE.

Nos últimos cinco anos, o consumo de energia por `data centre` subiu 12% ao ano, mais que quatro vezes mais rápido que o total global, com a agência internacional a destacar que os `data centres` direcionados para IA "podem usar tanta eletricidade como fábricas de setores intensivos, como dos alumínios".

A AIE estima que este valor mais que duplique até 945 TWh, sendo a IA "o mais importante motivador deste crescimento, a par da procura crescente por outros serviços digitais".

Isto colocaria o consumo dos centros de dados acima do consumo atual de eletricidade do Japão e, no entender da agência internacional, as renováveis e o gás natural serão os principais fornecedores de energia para o que representará cerca de 3% do consumo global.

A AIE assinala que estes centros estão distribuídos de forma desigual e encontram-se, muitas vezes, concentrados em regiões específicas dos países, o que pode, também, provocar dificuldades devido ao fornecimento e dimensionamento da rede elétrica.

Em países como os EUA, quase metade do aumento do consumo de eletricidade até 2030 será devido aos `data centres`, prevendo-se que este setor represente mais que a energia combinada utilizada para a produção de alumínio, aço, cimento, químicos e todos os outros bens de indústrias intensivas.

As emissões associadas aos centros de dados representaram 180 milhões de toneladas de dióxido de carbono, estimando-se que possa crescer para pelo menos 300 milhões de toneladas de CO2 em 2035.

"Embora estas emissões continuem abaixo do 1,5% das emissões da energia no período, os centros de dados estão entre as fontes de emissões que mais rapidamente crescem", afirmou.

Ao mesmo tempo, a AIE apontou que as expectativas do impacto da IA nas alterações climáticas "parecem ser exagerados".

Para a agência internacional, apesar do aumento do consumo relacionado com a IA, esta também poderá ser uma ferramenta para "reduzir os custos, melhorar a competitividade e reduzir as emissões", através de melhorias de otimização e de eficiência.

"As preocupações de que a IA pode acelerar as alterações climáticas parecem ser exageradas, tal como as expectativas de que a IA, por si, resolva o problema", assinalou a AIE.

No entanto, também alertou que "não é uma solução milagrosa" para a transição energética e que são necessárias "políticas proativas".

"O impacto líquido da IA nas emissões -- e, por conseguinte nas alterações climáticas -- dependerá de como as aplicações de IA sejam feitas, que incentivos e negócios surjam e como é que o enquadramento regulatório vai reagir", sublinham os autores do relatório.

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