"Concorrência" sim, "batota" não. Twitter ameaça processar Meta devido ao Threads

por Joana Raposo Santos - RTP
O Threads foi lançado na quarta-feira numa centena de países e conta já com 30 milhões de utilizadores inscritos. Dado Ruvic - Reuters

O Twitter está a ponderar processar a Meta na sequência do lançamento da nova rede social Threads. Um advogado do Twitter terá enviado uma carta a Mark Zuckerberg, dono da Meta, na qual acusa esta empresa de criar a sua nova plataforma com a ajuda de ex-funcionários da rede de Elon Musk. Este último veio já dizer que "está tudo bem em fazer concorrência, mas em fazer batota não".

Na missiva, o advogado Alex Spiro fala em “apropriação sistemática, intencional e ilegal dos segredos comerciais do Twitter e de outras propriedades intelectuais”.

“O Twitter pretende fazer cumprir rigorosamente os seus direitos de propriedade intelectual e exige que a Meta tome medidas imediatas, parando de usar quaisquer segredos comerciais do Twitter ou outras informações altamente confidenciais”, lê-se no documento obtido pelo site de notícias Semafor.

“O Twitter reserva todos os seus direitos, incluindo o direito de recorrer a medidas cautelares sem aviso prévio para evitar qualquer retenção, divulgação ou uso da sua propriedade intelectual por parte da Meta”, escreve Spiro. O Twitter despediu cerca de 80% dos funcionários desde que Musk se tornou dono da rede social, em outubro passado.

Segundo a rede de Elon Musk, também dono da Tesla, a Meta contratou dezenas de antigos funcionários do Twitter “que têm e continuam a ter acesso a informações secretas” desta plataforma.

O advogado refere ainda que a Meta recrutou esses trabalhadores para “desenvolverem a aplicação imitadora Threads, com o objetivo específico de usarem os segredos do Twitter e outra propriedade intelectual de modo a acelerarem o desenvolvimento da app, em violação da lei estatal e federal, assim como das obrigações desses ex-funcionários para com o Twitter”.

Em declarações ao Semafor, o diretor de comunicação da Meta disse que as acusações do Twitter não têm fundamento. “Ninguém na equipa de engenharia do Threads é um antigo funcionário do Twitter”, garantiu Andy Stone.
Musk recusa “alinhar na falsa felicidade do Instagram”
O Threads, lançado na quarta-feira numa centena de países e já com 30 milhões de utilizadores inscritos, promete ser uma alternativa “amigável” ao Twitter de Elon Musk. À semelhança desta última rede social, também a nova funciona à base de partilha de textos que permitem conversas em tempo real.

Pouco depois do lançamento, a palavra “Threads” tornou-se tendência no próprio Twitter, originando uma reação de Elon Musk: “É infinitamente preferível ser atacado por estranhos no Twitter do que alinhar na falsa felicidade do Instagram para esconder a dor”.

Mais tarde, escreveu que “está tudo bem em fazer concorrência, mas em fazer batota não”.

A lei norte-americana de direitos de autor não protege ideias. Por essa razão, para que o Twitter tivesse hipóteses de vencer em tribunal teria de provar que a sua propriedade intelectual, como códigos de programação, tinha sido roubada.

Além disso, a Meta adquiriu em 2012 uma patente para “comunicação no feed, sistema que mostra as últimas publicações dos utilizadores na página inicial do Facebook, pelo que pode estar protegida contra as acusações do Twitter.

A nova aplicação ainda não se encontra disponível na União Europeia, tendo em conta incertezas de Bruxelas quanto à proteção da privacidade dos dados entre plataformas digitais.
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