A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal manifestou-se esta quinta-feira preocupada com a mudança de administração na Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS), temendo que os projetos em curso parem durante meses.
Em declarações à agência Lusa, José Lourenço, da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal disse não entender porque é que o Governo destituiu a administração e recordou que estavam em desenvolvimento vários projetos.
"É inadmissível e quem vai sofrer com isso são os utentes", disse, adiantando que a comissão não encontra motivos de gestão que justifiquem a demissão do conselho de administração.
Por outro lado, José Lourenço afirmou que a comissão considera "desrespeitosa a forma como a destituição foi comunicada", sem serem apontadas razões, e "uma desconsideração para com os profissionais que integram a ULSAS e as autarquias".
"Se as razões têm a ver com o fecho das urgências obstétricas então teriam de demitir todos os conselhos de administração da região de Lisboa e Vale do Tejo, que é onde se concentra o maior problema ao nível de recursos humanos", frisou.
A direção executiva do Serviço Nacional de Saúde decidiu na terça-feira, por telefone, afastar o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), que inclui o Hospital Garcia de Orta.
O Conselho de Administração é presidido pela farmacêutica Maria Teresa Luciano, que será agora substituída por Jorge Seguro Sanches, um militante do Partido Socialista que foi deputado e que assumiu as pastas de secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, de 2019 a 2022, e de secretário de Estado da Energia, de 2015 a 2018, em governos liderados por António Costa.
Teresa Luciana tinha sido nomeada em agosto de 2022 como presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta, cargo que manteve com a criação da ULS, em janeiro de 2024.
O corpo diretivo da ULSAS é ainda constituído por Henrique Manuel Neves Santos, diretor clínico para a área Hospitalar, Pedro Jorge Alves Pacheco, diretor clínico para a área dos Cuidados de Saúde Primários, Susana Luísa Rafael Almeida Graúdo, enfermeira diretora e Tiago António de Fonseca Mendes, vogal executivo da área financeira.
Na sequência da destituição de Teresa Luciano, diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta, coordenadores de centros de saúde do agrupamento Almada--Seixal, enfermeiros gestores e técnicos coordenadores subscreveram um abaixo-assinado a contestar a decisão.
Os profissionais de saúde dizem discordar da decisão de demissão do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS) e reiteram "toda a confiança na atual equipa de gestão e na continuidade dos projetos em curso".
Na sua opinião, o trabalho que tem sido desenvolvido pela equipa liderada por Teresa Luciano foi positivo, pelo que manifestam a sua solidariedade para com todos os elementos.
O documento é assinado por 36 diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta, pelos coordenadores de 23 das 25 Unidades de Saúde Familiar dos dois concelhos, 16 enfermeiros gestores e nove técnicos coordenadores.
A demissão da administração recebeu também críticas da presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros (PS), que considerou inaceitável a forma como o processo foi conduzido e do presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva (PCP), que lamentou a "repentina destituição" considerando que aquela administração "tem feito um trabalho esforçado e resiliente para tentar minorar os problemas existentes".