Clima tem de estar no centro do desenvolvimento - Grupo Banco Mundial

por Lusa

O vice-presidente da Corporação Financeira Internacional (IFC) para África, o braço do Banco Mundial para o setor privado, defendeu hoje que as alterações climáticas têm de estar no centro da discussão do desenvolvimento.

"Os chefes de Estado africanos perceberam que a questão climática tem de estar no centro da discussão", disse Sérgio Pimenta em entrevista à Lusa em Lisboa, lembrando que vários presidentes já fizeram essa declaração e na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP), no Dubai, no final do ano passado, voltaram a salientar a importância da questão climática.

África é o continente mais afetado pelas alterações climáticas, apesar de ser dos que menos contribui para essas mudanças, que se traduzem em fenómenos mais frequentes e violentos, que vão desde as secas prolongadas, às chuvas torrenciais.

"Estamos a trabalhar com os governos e com o setor privado para desenvolver cadeias de valor" que permitam aos países africanos passar de uma situação em que exportam matérias-primas e importam produtos acabados, para um cenário em que consigam adicionar valor aos produtos localmente, disse.

Vai demorar tempo, admitiu Sérgio Pimenta, apontando, no entanto, que "vai ser mais rápido do que as pessoas pensam, porque há a realidade de quererem desenvolver África com soluções africanas, com recursos, população e tecnologias africanos, e o setor privado e o setor público estão a embarcar nessa realidade", apontou.

Na entrevista à Lusa, Sérgio Pimenta disse que "a parte do investimento global que vai para África é sempre a mais fraca", e apontou que o investimento dos fundos de capital de risco no continente não chega a 5%", argumentando que "todos os instrumentos financeiros têm a tendência de serem aplicados nos mercados mais desenvolvidos".

Na IFC, quase metade das operações têm uma forte componente ambiental: "Metade das nossas operações são operações climáticas, fizemos emissão de títulos verdes, temos os nossos próprios padrões para que tudo o que for construído tenha certificação ambiental, e muito do que fazemos tem como objetivo tem um impacto climático, seja, na adaptação, seja na mitigação", afirmou.

O trabalho da IFC, disse, é encontrar maneiras de convencer os grandes investidores internacionais, como fundos de pensões ou fundos soberanos, a olharem para o continente africano quando chega a altura de investirem.

Questionado sobre as necessidades de financiamento em África e sobre como convencer os investidores a apostarem mais no continente, Sérgio Pimenta respondeu: "O setor privado continua com uma capacidade de investimento muito forte, há muito dinheiro disponível, mas é difícil irem para mercados emergentes, o nosso trabalho é estruturar o financiamento e trazer investidores de confiança para África, porque o continente precisa e é lá que estão as oportunidades de crescimento, para os países, e de bons resultados financeiros para os investidores".

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