Cimeira luso-brasileira para reforçar relacionamento bilateral em junho

por Lusa

Lisboa, 21 abr (Lusa) - O vice-presidente do Brasil anunciou hoje, durante um encontro com o vice-primeiro-ministro de Portugal, em Lisboa, a realização da cimeira luso-brasileira em junho, para incrementarem relacionamento bilateral.

No final do encontro, Michel Temer e Paulo Portas sublinharam "a estabilidade e intensidade" das relações entre os dois países, tendo assinado quatro acordos de cooperação.

Portas destacou a abertura e o interesse de Portugal em ter capitais brasileiros no país, numa linha paralela à da internacionalização de empresas portuguesas no Brasil, o que se reflete no memorando de entendimento entre a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil) e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

"As trocas comerciais entre Portugal e o Brasil cresceram, "algumas centenas de milhões de euros, mas não cresceram ainda o suficiente e sobretudo não cresceram ainda o possível", disse.

"Os dois governos estão a trabalhar na criação de um observatório de comércio e investimento que, de uma forma flexível, não burocrática, permita avaliar oportunidades, resolver problemas e acompanhar as empresas que fazem investimentos de um lado e de outro, para que os Estados, as administrações e as burocracias não se transformem em adversários do crescimento ou adversários do investimento", afirmou.

O vice-primeiro-ministro destacou a abertura de mais mercados no setor agrícola "para produtos, empresas e marcas portuguesas", explicando que alguns processos de certificação de exportações pendentes foram desbloqueados através da intervenção do vice-presidente brasileiro.

Portugal tinha apresentado há dois anos um pedido de exportação de citrinos e uvas de mesa, desbloqueado agora pelo ministério da Agricultura brasileiro.

"Pudemos também conversar sobre a evolução de relações no domínio da saúde e o protocolo hoje assinado é muito relevante", disse Portas, sobre o protocolo de colaboração nas áreas de formação e investigação entre o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.

Foi também assinado um protocolo para alargar e aprofundar a cooperação bilateral nos domínios portuário, marítimo e da logística.

Paulo Portas considerou existirem todas as condições, sobretudo pela melhoria das circunstâncias económicas em Portugal, para uma atenção "ainda maior" do Brasil sobre a economia portuguesa.

"Somos [Portugal] não apenas uma porta de entrada na Europa, como podemos disputar a partir do Brasil mercados regionais e, a partir da Europa, países terceiros", sublinhou.

O vice-presidente do Brasil considerou que a viagem a Portugal "foi extremamente produtiva", e sublinhou que a cimeira luso-brasileira em junho "vai incrementar as relações bilaterais".

"O ajustamento económico feito em Portugal deu os melhores resultados e também no Brasil estamos a fazer um ajustamento fiscal para continuar a crescer", disse.

Sobre a situação política brasileira, Michel Temer sublinhou "a tranquilidade institucional extraordinária no Brasil, idêntica ao que ocorre em Portugal".

"A questão ética está a ser enfrentada com muito rigor pelo governo brasileiro, porque nesta matéria da corrupção, a pergunta não é saber se há, ou não, corrupção, mas saber se há ou nao fiscalização", declarou.

Os órgãos de fiscalização no Brasil estão empenhados no apuramento. A polícia federal, o ministério público, a controladoria geral da união trabalham ativamente nessa investigação com a participação intensa do poder judiciário, sublinhou.

"O que é preciso indagar é verificar se há impedimento à fiscalizaçao e, ao contrário, o que há é incentivo a essa investigação", acrescentou.

"Continuem a acreditar no Brasil, porque está a preservar e a incentivar as instituições democráticas não só na busca do crescimento, que se deu ao longo do tempo", disse.

Sobre os movimentos de rua, Temer acrescentou que deveram muito aos "40 milhões de pessoas que não tinham voz e passaram a ter voz. A voz das ruas tambem se deveu ao crescimento economico".

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