Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC)) desenvolveu um novo material, um nanocompósito de metal líquido revestido de grafeno, que terá aplicação na próxima geração de dispositivos eletrónicos e painéis solares.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a UC frisou que o novo material é "altamente promissor para a nova geração de dispositivos eletrónicos", explicando que pode ser usado "como condutor transparente, com aplicações na próxima geração de dispositivos eletrónicos e painéis solares".
Segundo a UC, a investigação - desenvolvida no âmbito do projeto WoW do programa Carnegie Mellon Portugal e do MATIS - Materiais e Tecnologias Industriais Sustentáveis, financiado pelo Portugal 2020 -- foi tema de capa da última edição da revista científica Advanced Materials Technologies.
"Os metais líquidos são interessantes porque proporcionam elasticidade e autorregeneração, além de serem excelentes na dissipação térmica. Portanto, este é um passo importante para a aplicação e desenvolvimento de ecrãs muito flexíveis e resistentes", explicou, citado na nota, Mahmoud Tavakoli, diretor do Laboratório de "Soft and Printed Microelectronic" do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Através deste estudo, os cientistas demonstraram que "nanopartículas de metal líquido revestidas de óxido de grafeno podem ser transformadas em elétrodos semitransparentes e condutores, através de uma técnica de processamento a laser rápida, de baixo custo e escalável", enfatizou a UC.
Acrescentou que o novo material "poderá ter um grande impacto" em áreas como os ecrãs flexíveis, painéis solares flexíveis e biossensores de dispositivos tecnológicos que podemos vestir, os chamados `wearables`".
Ainda segundo a nota da UC, os investigadores acreditam que, no futuro, "estas nanopartículas com propriedades especiais poderão ser impressas em grandes superfícies condutoras, a baixo custo".
Mahmoud Tavakoli frisou que as partículas de metal líquido encapsuladas de grafeno "são uma classe nova e promissora de compósito bifásico, com aplicação na próxima geração de dispositivos eletrónicos".
"Nós demonstrámos que é possível fabricar de forma rápida (em poucos segundos), a baixo custo e em larga escala, estes novos elétrodos. Esta solução é primeiro depositada sobre o substrato por meio de revestimento por pulverização e, em seguida, processada através de um laser de baixo custo. Isso permite simultaneamente a redução, afinamento, extração e padronização com alta resolução dos filmes depositados", afirmou o investigador do ISR da FCTUC.
O próximo passo da investigação será, de acordo com Mahmoud Tavakoli, "explorar o uso de outros tipos de lasers para melhorar a condutividade ou transparência dos elétrodos, bem como estudar aplicações desta técnica nas áreas de eletrónica de filmes finos, sensores de gás e humidade e dispositivos de armazenamento de energia".