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China promete "lutar até ao fim" em braço-de-ferro com Trump

por Cristina Sambado - RTP
Tarifas a importações põem EUA e China em confronto Florence Lo - Reuters

Pequim prometeu esta terça-feira "lutar até ao fim" contra as tarifas norte-americanas e recusa ceder ao que apelida de "chantagem", por parte de Donald Trump, de aplicar uma taxa adicional de 50 por cento sobre os produtos chineses.

“A ameaça do lado dos EUA de escalar as tarifas contra a China é um erro em cima de um erro, mais uma vez expondo a natureza chantagista do lado americano”, afirmou em comunicado o Ministério do Comércio da China.

Se os EUA insistirem em seguir seu caminho, a China lutará até o fim”, acrescentou.

Segundo o documento, a imposição pelos EUA das "chamadas tarifas recíprocas à China é completamente infundada e é uma prática típica de bullying unilateral".
A resposta de Pequim chegou depois Donald Trump ameaçar aumentar as tarifas sobre as importações dos EUA da segunda maior economia mundial para mais de 100% a partir de quarta-feira. A China igualou as taxas “recíprocas” que o presidente norte-americano pôs em marcha na passada semana.
A China tomou medidas de retaliação e o Ministério deu a entender que mais estão para vir. "As contramedidas tomadas pela China têm como objetivo salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e manter a ordem normal do comércio internacional. São completamente legítimas", acrescenta o comunicado.

O Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros também chamou a atenção dos Estados Unidos para a falta de sinceridade relativamente a um diálogo sério.

Se os Estados Unidos querem realmente conversar, devem adotar uma atitude de igualdade, respeito e benefício mútuo”, disse o porta-voz do ministério, Lin Jian, numa conferência de imprensa esta terça-feira.

No entanto, “se os Estados Unidos ignorarem os interesses dos dois países e da comunidade internacional e persistirem em lançar uma guerra tarifária ou uma guerra comercial, a China irá combatê-los até ao fim”, sublinhou o porta-voz. Segundo Lin Jian, “ninguém ganha com uma guerra comercial ou aduaneira e o protecionismo não leva a lado nenhum. A pressão, as ameaças e a chantagem não são a forma correta de lidar com a China”.

O povo chinês “não provoca problemas, nem tem medo deles”, frisou Lin, avisando que a China continuará a tomar medidas firmes e fortes para salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos.

Com as cadeias de abastecimento globais em perigo, Pequim está sob pressão para responder antes de uma reunião entre o presidente Xi Jinping e o presidente do Governo de Espanha e uma visita ao Sudeste Asiático.

Xi deverá encontrar-se com Pedro Sanchéz na sexta-feira, com a agenda provavelmente a abranger a procura de uma resolução para a tensão comercial com Bruxelas sobre as exportações de veículos elétricos da China, bem como a investida tarifária mais ampla de Trump.

O líder chinês visitará depois a Malásia, o Vietname e o Camboja, três economias que ganharam com a deslocalização dos fabricantes chineses para evitar as sanções dos EUA durante o primeiro mandato de Trump, mas que agora enfrentam taxas íngremes próprias.
Reunião com empresas privadas

O responsável pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC), um departamento a nível ministerial do Conselho de Estado, Zheng Shanjie, revelou esta terça-feira que realizou uma reunião com empresas privadas para ouvir sugestões sobre como lidar com as tarifas adicionais dos EUA.Na reunião, que teve lugar em Pequim no dia 8 de abril, as empresas deram opiniões e sugestões sobre a estabilização do emprego na China e como responder aos riscos e desafios externos.

  “O ambiente de desenvolvimento doméstico é estável e as empresas estão confiantes para superar as dificuldades”, disse o responsável da NDRC.

Segundo Zheng, “diante de riscos e desafios externos, como a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, devemos unificar nossos pensamentos e ações com a tomada de decisões”.

A NDRC ajudará ativamente as empresas privadas a resolver dificuldades e a promover o desenvolvimento saudável e de alta qualidade da economia do sector privado da China, acrescentou.

Entretanto, várias holdings estatais comprometeram-se a aumentar o investimento em ações, com uma série de empresas cotadas a revelaram recompras e o Banco Central a prometer apoio de liquidez ao fundo Central Huijin, depois de ter interferido para apoiar ações em queda.
Ameaças de Trump
O presidente norte-americano ameaçou, na segunda-feira, impor taxas adicionais sobre os produtos oriundos da China, levantando novas preocupações de que seu esforço para reformular o comércio global pode intensificar uma guerra comercial financeiramente destrutiva. Os mercados bolsistas de Tóquio a Nova Iorque afundaram nos últimos dias.

A ameaça de Trump surgiu depois de a China ter afirmado que iria retaliar contra as taxas norte-americanas.

"Se a China não retirar o seu aumento de 34 por cento que vem em cima dos seus abusos comerciais já de longa data até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas ADICIONAIS à China de 50 por cento a partir de 9 de abril", escreveu Trump na rede social Truth Social.

"Além disso, todas as conversações com a China relativamente às reuniões que solicitaram connosco serão terminadas!", ameaçou.

Se Trump concretizar esta ameaça, as taxas dos EUA sobre os produtos chineses atingiriam um total de 104 por cento. Os novos impostos seriam adicionados às taxas de 20 por cento anunciadas como punição pelo tráfico de fentanil e às taxas separadas de 34 por cento anunciadas na semana passada.

A China é um dos principais parceiros comerciais dos EUA, especialmente no que diz respeito aos bens de consumo, e as taxas acabarão por ser transferidas para o consumidor.

c/ agências
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