China cria instrumentos para apoiar mercados e pede implementação rápida de medidas

por Lusa

O Banco Popular da China (banco central) confirmou hoje a criação de vários instrumentos monetários já anunciados para apoiar as praças financeiras do país e apelou à "aceleração da aplicação" das medidas anunciadas nas últimas semanas.

Em vários comunicados publicados no seu portal, a instituição anunciou a criação oficial de um mecanismo que permitirá às empresas de valores mobiliários, aos fundos de investimento ou às seguradoras, obterem liquidez junto do banco central, mediante a entrega de ativos como garantia, ou de um outro instrumento de "reempréstimo", para que as empresas cotadas em bolsa procedam à recompra de ações e para que os seus principais acionistas aumentem as suas participações.

A primeira parte do programa de "reempréstimo" tem um valor equivalente a cerca de 42.146 mil milhões de dólares (39 mil milhões de euros), enquanto no caso do programa de `swap`, foram já recebidos cerca de 20 pedidos de participação, avaliados em mais de 28.094 mil milhões de dólares (26 mil milhões de euros).

O governador do banco central, Pan Gongsheng, afirmou hoje, num discurso proferido num fórum económico, que estes instrumentos "se baseiam nos princípios do mercado" e que o programa de `swaps` não equivale a um "apoio financeiro direto" do banco central.

Pan reiterou igualmente que a sua instituição vai proceder a uma nova redução, entre 0,25% e 0,5%, das reservas mínimas bancárias (RRR, a percentagem de fundos que um banco não pode emprestar) até ao final do ano.

As taxas dos acordos de recompra a sete dias ("acordos de recompra", um dos principais e mais comuns instrumentos de injeção de liquidez no sistema financeiro) serão igualmente reduzidas em 0,2% e as taxas das facilidades de crédito a médio prazo ("MLF", outro dos principais métodos de financiamento dos bancos comerciais) em 0,3%.

As medidas foram anunciadas em setembro, após a descida das taxas de juro nos Estados Unidos e a publicação de dados sobre a economia chinesa, piores do que o esperado. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou então a maiores esforços para atingir o objetivo de crescimento económico de "cerca de 5%" para este ano.

Num outro documento, o Banco Popular da China apelou hoje aos principais bancos do país para que "acelerem a implementação das medidas" recentemente anunciadas: "Devemos (...) maximizar o efeito das políticas, aumentar continuamente a confiança do mercado, melhorar as expectativas da sociedade e promover efetivamente a recuperação sustentada da economia".

A economia da China registou um crescimento homólogo de 4,6% no terceiro trimestre de 2024, o ritmo mais baixo desde meados do ano passado e aquém da meta anual de "cerca de 5%", estabelecida por Pequim.

Segundo os dados difundidos hoje pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE), o crescimento homólogo da segunda maior economia do mundo entre junho e setembro ficou também abaixo do ritmo de 4,7%, registado no segundo trimestre do ano.

A fraca procura interna e internacional, uma prolongada crise imobiliária e a falta de confiança dos consumidores suscitaram riscos deflacionários na segunda maior economia do mundo.

O índice de preços no consumidor (IPC), o principal indicador da inflação, aumentou 0,4% em setembro, em termos homólogos, menos do que o previsto e um sinal de fraqueza persistente do lado da procura.

 

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