O chanceler alemão, Olaf Scholz, instou hoje o Congresso norte-americano a desbloquear "muito rapidamente" apoio à Ucrânia, perante o impasse neste órgão sobre um novo pacote de ajuda ao combate à invasão russa.
"Seria bom que [a ajuda] fosse desbloqueada muito rapidamente", porque "sem a contribuição dos Estados Unidos, a situação na Ucrânia seria muito, muito complicada", disse o chanceler aos jornalistas.
Scholz, que será recebido na Casa Branca por volta das 14:45 locais (19:45 em Lisboa), tem insistido na necessidade urgente de aumentar a ajuda militar à Ucrânia, no meio de um braço de ferro sobre a votação de um novo pacote no Congresso dos Estados Unidos.
Na noite anterior, o chefe do Governo alemão reuniu-se com vários senadores democratas e republicanos, apelando ao seu apoio a Kiev.
"A Ucrânia precisa de todo o nosso apoio para se poder defender da agressão russa", escreveu na rede social X (antigo Twitter).
Antes da sua partida para os Estados Unidos, o chanceler alemão deixou um apelo à União Europeia (UE) e aos Estados Unidos para que "façam mais", considerando "insuficientes" os compromissos assumidos até à data.
Esta visita bilateral, a terceira desde a sua tomada de posse em dezembro de 2021, ocorre numa altura em que Joe Biden (democrata), em campanha para um segundo mandato presidencial, e a oposição republicana negoceiam há meses um texto que incluiria cerca de 60 mil milhões de dólares (55,6 mil milhões de euros) de ajuda militar à Ucrânia.
O Senado norte-americano deu um primeiro passo tímido, na quinta-feira, no sentido de libertar este pacote, mas o seu futuro permanece altamente incerto, com os legisladores próximos do ex-presidente Donald Trump a recusarem dar a Kiev qualquer apoio.
Os 27 países da União Europeia chegaram recentemente a acordo sobre um pacote de 50 mil milhões de euros até 2027, depois de a Hungria ter levantado o seu veto.
Uma solução do outro lado do Atlântico parece ainda mais vital numa altura em que as tropas ucranianas lutam na linha da frente contra o invasor russo.
Na quarta-feira, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, instou a UE a aumentar rapidamente as suas entregas de munições e lamentou a situação "confusa" nos Estados Unidos.
Kiev pede também mísseis de longo alcance, mas Washington e Berlim hesitam, com receio de que o conflito se estenda ao território russo, o que poderia levar a uma escalada incontrolável por parte do Kremlin, que já por várias vezes levantou a ameaça nuclear.
Por seu lado, o chanceler apresenta-se como um defensor da ajuda à Ucrânia: praticamente duplicou o orçamento da ajuda militar para mais de sete mil milhões de euros este ano, e está constantemente a instar os seus parceiros europeus a aumentarem a sua assistência, sublinhando que o seu país - o segundo maior contribuinte em termos absolutos, a seguir aos Estados Unidos - não pode carregar tudo às costas.
Isto parece tanto mais essencial quanto não é de excluir o regresso de Donald Trump à Casa Branca após as eleições presidenciais de 5 de novembro. Mesmo ausente do poder, o antigo presidente conseguiu recentemente minar um compromisso no Congresso sobre o pacote de ajuda à Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.