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CEO da Brisa apresenta alternativa à perda de receita de 200 milhões com o fim das portagens nas SCUT

por Antena 1

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, o CEO (Diretor Executivo) da Brisa e antigo Ministro da Economia, António Pires de Lima, manifesta-se contra o fim das portagens das SCUT e sugere ao Governo uma opção mais económica que, em vez de custar 200 milhões, custaria 40 milhões, beneficiando apenas as populações locais e evitando penalizar todos os contribuintes com a medida aprovada no Parlamento.

Pires de Lima lembra que a maioria das SCUT abrangidas são geridas pela IP - Infraestruturas de Portugal. Os 200 milhões de receita retirados à empresa terão de ser pagos pelo Orçamento do Estado, logo por todos os contribuintes, mesmo aqueles que não usam as autoestradas. Segundo o CEO da Brisa (que não tem concessões SCUT) através da tecnologia da via verde e da utilização dos pórticos que já existem nas SCUT é possível incluir isenções ou descontos de quantidade da utilização, de forma seletiva, por forma a que só sejam beneficiados com o fim das portagens as populações locais.
Pires de Lima já partilhou esta sugestão com o Governo e pretende informar todos os partidos em reuniões a realizar em setembro. Se a medida avançar tal como está pensada pelo Executivo, Pires de Lima não tem dúvidas de que as autoestradas vão passar a ser usadas de forma indiscriminada, o tráfego vai aumentar, a qualidade vai degradar-se e a sinistralidade aumentar.
Nesta entrevista, Pires de Lima anuncia nesta entrevista que a Brisa poderá gastar quase 500 milhões de euros para fazer as ligações rodoviárias ao novo aeroporto de Alcochete, nomeadamente à autoestrada do Sul. Enquanto aguarda por desenvolvimentos, a empresa já fez as contas para cumprir o que ficou previsto no contrato de concessão e que obriga a Brisa a fazer estas obras.
Pires de Lima relembra que, ao abrigo da revisão do acordo de concessão, feita em 2008, o novo aeroporto deveria estar concluído em 2017 o que não aconteceu, pelo que é necessário que o investimento tenha o retorno adequado a prever em novo acordo.

Pires de Lima não se compromete sobre os termos dessa compensação, admitindo apenas negociar este direito com o Estado e que pode traduzir-se, nomeadamente, num prolongamento do tempo de concessão.
Sobre as concessões das autoestradas aos privados em termos gerais, o CEO da Brisa espera que as mesmas se mantenham, porque a experiência tem sido positiva. 

Segundo Pires de Lima, Portugal tem a 4ª melhor rede de autoestradas de todo o mundo. De futuro, na negociação dos novos contratos, considera que se deve manter o princípio do utilizador-pagador e privilegiar na escolha os critérios ambientais e de mobilidade elétrica.

A Brisa, adianta o Diretor Executivo, pretende continuar com as concessões que tem e que terminam em 2028, 2034 e 2035.

Entretanto a empresa vai avançar com mais investimento na mobilidade elétrica. Pires de Lima revela que a Brisa vai reforçar o número de carregadores nas áreas de serviço mais utilizadas durante os próximos meses e vai investir nas áreas urbanas em Oeiras e no Norte do país com a criação de hubs, à entrada das cidades, de carregadores elétricos rápidos.
O CEO da Brisa adianta ainda que o tráfego nas autoestradas tem vindo a aumentar e no ano de 2024 vai bater novo recorde. De acordo com o responsável da empresa, sempre que cresce a economia, cresce o tráfego rodoviário e isso tem implicado maior utilização das autoestradas.

Sobre a atualidade política, Pires de Lima considera que há sinais positivos que levam a crer que vai ser possível obter um acordo entre o PS e o Governo para que o Orçamento do Estado seja aprovado.
Faz uma "apreciação benigna" do pacote "Acelerar a Economia" e em relação ao IRC considera que faz sentido que beneficie as grandes empresas até porque são essas que podem e criam mais riqueza.
No caso da Brisa, ainda não fez as contas ao impacto da baixa do IRC, mas considera que o contributo anual da empresa em impostos para o Estado ronda os 400 milhões de euros. O dinheiro que vier da redução do IRC será investido nas pessoas e no país, garante.
Entrevista de Rosário Lira (Antena 1) e de Maria João Babo (Jornal de Negócios) para ouvir em Podcast aqui.
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