Já se esperava e a Administração Trump confirmou, através de um comunicado, a ameaça de pôr fim às isenções de sanções a alguns países que compram crude em bruto ao Irão. Os EUA, os sauditas e os Emirados Árabes prometem suprir quaisquer necessidades decorrentes do desaparecimento do petróleo do Irão dos mercados.
"Esta decisão pretende reduzir a zero as exportações iranianas de petróleo, negando ao regime a sua principal fonte de rendimentos", explica o documento.
"Os Estados Unidos, a Arábia Saudita e os EAU, três dos maiores produtores mundiais de energia, assim como os nossos amigos e aliados, estão decididos a garantir que o fornecimento dos mercados globais de petróleo se mantenha adequado", refere ainda o texto enviado às redações.
O comunicado tenta ainda acalmar os mercados, referindo que EUA e seus aliados no mundo árabe acertaram "ações atempadas para garantir que a procura global é garantida à medida que todo o petróleo iraniano e removido do mercado".
Preço do barril sobe 3%
Os certificados que não vão ser renovados aplicavam-se a oito países. Mal circularam rumores da decisão, o preço do barril de petróleo Brent subiu três por cento, para o nível mais elevado do ano até agora, 74,20 dólares por barril.
Uma subida que coloca o Brent num nível máximo desde novembro de 2018. Em finais de 2018, o petróleo cotava-se a 49,93 dólares e desde então subiu 25 dólares, cerca de 50 por cento.
O fim das isenções implicará a imposição de sanções àqueles que ousem enfrentar as decisões norte-americanas e não suspendam as suas importações até 2 de maio.
Washington defende que a decisão se insere na luta contra as atividades terroristas promovidas por Teerão.
"A Administração Trump e os nossos aliados estão determinados a sustentar e expandir ao máximo a campanha de pressão económica contra o Irão, para por fim à sua atividade desestabilizadora que ameaça os Estados Unidos, os nossos parceiros e aliados, e a segurança do Médio Oriente", explica o comunicado.
"A decisão do Presidente de eliminar os SRE segue-se à designação da Guarda Revolucionária Islâmica como organização terrorista, demonstrando o compromisso dos Estados Unidos em atingir a rede de terror do Irão e alterar o comportamento maligno do regime. Agradecemos oa poio dos nossos aliados e amigos neste esforço", termina o texto.
Teerão encolhe os ombros
Fontes do Ministério do Petróleo iraniano disseram esta manhã que o impacto da decisão da Administração Trump será mínimo.
"Continuem ou não as isenções, as exportações de petróleo do Irão nunca serão zero, exceto de as autoridades iranianas decidam parar as exportações de petróleo... e isso não é relevante agora", afirmou uma das fontes à agência Reuters, sob anonimato.
A China, um dos maiores importadores de crude iraniano e um dos oito países a beneficiar das isenções norte-americanas, opõe-se à política de sanções de Washington.
Esta segunda-feira Pequim sublinhou que não pensa alterar as suas relações comerciais com o Irão. O porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, afirmou que a cooperação bilateral entre Pequim e Teerão cumpria a lei internacional.
Além da China, as isenções aplicavam-se a outros sete países, incluindo a Índia, a Coreia do Sul e a Turquia. Terminam no próximo dia 2 de maio.
Estratégia de Trump
Donald Trump decidiu repor as sanções ao Irão no ano passado, após abandonar o acordo para o programa nuclear iraniano assinado pelo seu predecessor, Barack Obama.
O acordo de 2015, subscrito por seis potências mundiais, obrigava o Irão a limitar as suas atividades nucleares e autorizar inspeções internacionais, em troca do alívio das sanções internacionais. O regresso destas na era Trump teve um impacto imediato na economia iraniana, com queda do valor da moeda para mínimos históricos e a taxa de inflação anual quatro vezes mais alta, afastando investidores e causando protestos.
Estratégia de Trump
Donald Trump decidiu repor as sanções ao Irão no ano passado, após abandonar o acordo para o programa nuclear iraniano assinado pelo seu predecessor, Barack Obama.
O acordo de 2015, subscrito por seis potências mundiais, obrigava o Irão a limitar as suas atividades nucleares e autorizar inspeções internacionais, em troca do alívio das sanções internacionais. O regresso destas na era Trump teve um impacto imediato na economia iraniana, com queda do valor da moeda para mínimos históricos e a taxa de inflação anual quatro vezes mais alta, afastando investidores e causando protestos.
Washington mantém, contudo, que não pretende provocar uma "mudança de regime", mesmo considerando as ações deste "malignas".