Campanha internacional apela a consumidores para preferirem eletrónica com plástico reciclado
Universidades e empresas vão lançar uma campanha em nove países para levar os fabricantes de produtos eletrónicos a usarem plásticos recicláveis e reciclados nos aparelhos, que incluem em média 20 por cento de plástico.
A campanha de dois anos, financiada pela Comissão Europeia e apoiada pelas Nações Unidas, é lançada pelo consórcio PolyCE, que inclui universidades, organizações da sociedade civil e empresas, e dirige-se também aos consumidores, para que exijam "produtos eletrónicos e elétricos com plástico reciclado" aos fabricantes.
De mais de 12 milhões de toneladas de lixo eletrónico previstas para o próximo ano na União Europeia, Noruega e Suíça, cerca de 2,5 milhões serão de plástico, o equivalente a 62.500 camiões de 40 toneladas.
A investigadora Kim Ragaret, da universidade belga de Gent, afirmou que "os plásticos em si não são o problema, o problema são as atitudes em relação a ele e à gestão de resíduos".
O consórcio PolyCE cita um estudo feito na Suécia, segundo qual apenas 10% dos plásticos dos produtos de gama alta são recuperados e reciclados no mundo inteiro, por comparação com a reciclagem de 50% a 90% nos metais e vidro.
Com outros dados, esperam convencer os fabricantes de que a reciclagem e utilização de plástico reciclado de alta qualidade são economicamente viáveis.
As vantagens para o ambiente medir-se-ão em cada tonelada a mais que for possível reciclar, que evitará a emissão de três toneladas de dióxido de carbono por causa do plástico novo que já não se vai fabricar.
Segundo um estudo de mercado do consórcio PolyCE, 86% dos consumidores inquiridos não nota a diferença em qualidade, aspeto ou desempenho do plástico virgem para o plástico reciclado.
Confrontados com os benefícios para a saúde e para o ambiente, 95% afirmou que compraria produtos com componentes de plástico reciclado.
"O consumidor tem papéis vitais num sistema de fabrico sustentável e assente na economia circular", afirmou o investigador as Nações Unidas Ruediger Kuehr, apontando que o primeiro é "evitar substituir produtos elétricos e eletrónicos reparando os que tem".
Quando os produtos vão para o lixo, têm que ser "devidamente reciclados" e quando chega a altura de comprar, os consumidores devem "preferir produtos feitos com plástico reciclado".
Quanto aos fabricantes, devem melhorar a conceção dos produtos para que seja possível recuperar mais facilmente os componentes plásticos e usar essa característica para vender o produto.