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Cabo Verde espera mobilizar 2.000 ME em Conferência Internacional de Parceiros

por Lusa

Cabo Verde espera mobilizar 2 mil milhões de euros para "projetos transformadores" para o país durante a segunda Conferência Internacional de Parceiros (CIP) que realiza entre 27 e 28 de abril, na Boa Vista, disse hoje fonte oficial.

A previsão foi feita por Francisco Tavares, conselheiro geral da Conferência Internacional de Parceiros, durante um encontro com jornalistas, realizado na cidade da Praia, indicando que o valor vai ser destinado aos 28 programas do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2022-2026 (PEDS) II.

Segundo o mesmo responsável, durante o evento vão ser apresentados propostas de "projetos transformadores" que o país espera mobilizar financiamento junto dos parceiros, dando como exemplo o futuro Hospital da Praia, orçado em 63 milhões de euros, ou o Aeroporto de Santo Antão, ainda em fase de estudo.

Francisco Tavares revelou ainda que vão ser apresentados cerca de 40 projetos públicos ligados à economia digital, de cerca de 400 milhões de euros, na saúde de 90 milhões de euros, bem como projetos em setores como o desporto, agricultura, transição digital, ciência, transportes, turismo, água, agricultura e energia, indústria e comércio, transição e eficiência energética.

Em 15 de março, durante a apresentação oficial, Francisco Tavares avançou que vão ser precisos 5 mil milhões de euros (cerca de 550 mil milhões de escudos) para financiar as políticas do PEDS II.

No mesmo dia, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, indicou o investimento público, mas também privado, da sociedade civil e dos parceiros internacionais, para financiar o documento estratégico e disse que, além dos parceiros, há uma parte de financiamento que entra anualmente através do Orçamento do Estado destinado ao plano.

O conselheiro disse ainda hoje que durante o ano o Governo de Cabo Verde vai realizar outras conferências para mobilizar mais recursos, focadas sobretudo na economia azul, verde e circular, e espera ultrapassar os valores previstos para as políticas do plano estratégico.

O mesmo responsável referiu que o Governo vai apostar nas parcerias público-privadas, quer nacionais, quer estrangeiras, para realizar boa parte dos projetos, explicando que o país não tem espaço fiscal suficiente para grandes investimentos.

É precisamente através das parceiras público-privadas que o porta-voz indicou que o Governo pretende também resolver o problema da conectividade interna e externa do arquipélago.

Cabo Verde quer ainda aprofundar a nova forma de financiamento do desenvolvimento, que é a conversão da dívida em fundo climático, tal como já está a fazer com Portugal, tendo os dois países assinado um memorando de entendimento nesse sentido em janeiro, esperando fazer o mesmo com outros credores internacionais.

Segundo Francisco Tavares, a conferência vai fazer uma grande aposta nos investimentos da diáspora, que detém 60% de depósitos nos bancos comerciais do país, estando já garantida a presença de mais de 100 empresários cabo-verdianos residentes no estrangeiro.

A segunda conferência, que vai decorrer sob o lema "Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento", visa promover o diálogo técnico e político com os parceiros clássicos de desenvolvimento de Cabo Verde para mobilizar recursos e parcerias para a realização dos projetos tidos como "transformadores" do arquipélago ao abrigo do PEDS II.

O PEDS II foi apresentado pelo Governo cabo-verdiano em 2022, concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento sustentável e acelerar transformações estruturais que tornem o país mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.

No documento preconiza-se um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.

O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente, garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer de Cabo Verde uma economia de circulação localizada no Atlântico médio, entre outros.

Cabo Verde está a recuperar de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística e no ano passado recuperou totalmente dessa quebra, com a economia a crescer 17,7%, impulsionado pelo turismo, de acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).

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