Britânicos contra contratação de portugueses e italianos

por RTP
"Funcionários britânicos primeiro", lê-se no cartaz que um britânico mostra à porta da refinaria da Total em Immingham, Lincolnshire Lindsey Parnaby, EPA

Centenas de trabalhadores temporários do sector britânico da energia mantêm uma greve em protesto pela contratação de trabalhadores portugueses e italianos para uma obra na refinaria de Lindsey, no Reino Unido. O primeiro-ministro Gordon Brown já classificou de “contra producentes” as greves e o seu Governo apelou ao respeito pela liberdade de trabalho dos europeus no Reino Unido.

Apesar de condenar os protestos, o primeiro-ministro britânico disse “compreender a aflição dos já muitos desempregados”. O FMI prevê que o Reino Unido seja entre os países industrializados aquele em que a economia vai sofrer a pior contracção em 2009.

A origem dos protestos está na utilização de trabalhadores portugueses e italianos numa obra ganha por uma empresa italiana – IREM – na refinaria de Lindsey, que pertence à petrolífera francesa Total.

Milhares de trabalhadores do sector da energia não gostaram de saber que a IREM contratou portugueses e italianos para a empreitada quando o país vive, tal como toda a Europa, uma situação complicada de desemprego.

O sindicato Unite, que está a organizar os protestos, alega que a situação chegou a uma “tal dimensão que os britânicos se sentem marginalizados”.

Governo britânico apela à calma

Na Câmara dos Lordes, o ministro da Economia refutou a ideia de que a contratação de italianos e portugueses esteja a prejudicar os candidatos britânicos e defendeu a directiva europeia que protege os europeus a laborar no país.

“É importante que respeitemos e protejamos esse princípio porque protege o direito de centenas de trabalhadores britânicos no resto da Europa”, disse Peter Mandelson.

A directiva mencionada garante condições mínimas em termos de segurança social e remuneração.

Negociações com a Total

Em curso estão negociações com a petrolífera francesa para que seja conseguido um acordo que termine com as paralisações. O ministro britânico da Economia exige à empresa garantias que assegurem que os trabalhadores britânicos não estão a ser discriminados.

Alguns portugueses já regressaram

Perante este cenário de alguma tensão, há já 20 trabalhadores portugueses que regressaram a Portugal.

De acordo com a embaixada portuguesa no Reino Unido, contactada pela Agência Lusa, resistem à situação 18 nacionais que pretendem trabalhar na obra na refinaria.
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