O ministro das Finanças admite que, tal como outros países da Europa, também Portugal deverá sofrer o impacto com uma saída sem acordo, ainda que tudo tenha sido feito para fazer face aos efeitos negativos desse desfecho. Na reação à entrevista de Christine Lagarde à RTP, Mário Centeno reconheceu que as relações de Portugal com o Reino Unido "são muito importantes”.
As declarações de Mário Centeno surgem depois da entrevista de
Christine Lagarde à RTP, em que a diretora-geral do FMI
considerou que Portugal “não está inteiramente protegido” do Brexit,
tendo em conta a “grande atividade de serviços” ou o “comércio” entre os
dois países.
“Nós fizemos tudo internamente para estarmos preparados”, frisou o responsável pela pasta das Finanças.
“Muitos britânicos têm relações muito próximas com Portugal. Essas questões estão acauteladas, não nos devemos preocupar”, disse o ministro.
Na entrevista de quinta-feira à RTP, Christine Lagarde considerou que "quanto mais amigável for o acordo e mais eficaz for o período de transição, menos riscos se materializarão para a totalidade do Reino Unido, para a totalidade da União Europeia e, certamente, para Portugal, que é um parceiro do Reino Unido".
Perturbações "no curto prazo"
Em declarações aos jornalistas ainda sobre o Brexit, Mário Centeno assumiu que o verdadeiro impacto de um no-deal para a Europa ainda é incerto.“Não sei se algum país está completamente protegido para uma saída sem acordo, dada a sua dimensão em termos de implicações”, disse o ministro.
Mário Centeno reforçou que uma "mudança estrutural" como o Brexit precisa de ser preparado e que haverá sempre perturbações da economia “no curto prazo”.
“Foi isso que fomos fazendo ao longo mais de dois anos de debate, que é um debate que se passa essencialmente no Reino Unido, mas que, por ter implicações para a Europa, nos envolve a todos", acrescentou.
Mário Centeno enfatizou ainda que “é importante continuar a passar a mensagem de que uma saída sem acordo é muito negativa para todos e deve ser evitada a todo o custo”.
A primeira-ministra britânica apresentou esta sexta-feira um pedido formal para um novo adiamento do Brexit até dia 30 de junho, pedido esse que deverá ser avaliado no próximo Conselho Europeu extraordinário sobre a saída do Reino Unido, no próximo dia 10 de abril.
Neste encontro, os líderes dos restantes 27 Estados-membros vão decidir se permitem ou não o adiamento. Esta extensão mais longa poderá implicar a participação do Reino Unido nas eleições europeias caso o acordo de saída não seja aprovado pelos deputados até 23 de maio.