Brexit sem acordo. "Fizemos tudo para estarmos preparados", diz Centeno

por Andreia Martins - RTP
"Fizemos tudo internamente para estarmos preparados”, disse o ministro das Finanças. Reuters

O ministro das Finanças admite que, tal como outros países da Europa, também Portugal deverá sofrer o impacto com uma saída sem acordo, ainda que tudo tenha sido feito para fazer face aos efeitos negativos desse desfecho. Na reação à entrevista de Christine Lagarde à RTP, Mário Centeno reconheceu que as relações de Portugal com o Reino Unido "são muito importantes”.

Esta sexta-feira, à entrada para uma reunião do Eurogrupo, em Bucareste, na Roménia, Mário Centeno garantiu que Portugal fez tudo o que estava ao alcance para “preparar” uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia.

As declarações de Mário Centeno surgem depois da entrevista de Christine Lagarde à RTP, em que a diretora-geral do FMI considerou que Portugal “não está inteiramente protegido” do Brexit, tendo em conta a “grande atividade de serviços” ou o “comércio” entre os dois países.

O ministro das Finanças - que é também presidente do Eurogrupo - admitiu que é “inevitável” que uma saída sem acordo tenha impacto também na Europa, e que “Portugal está incluído nesse grupo”.

“Nós fizemos tudo internamente para estarmos preparados”, frisou o responsável pela pasta das Finanças. 

Mário Centeno sublinhou ainda que as relações entre Portugal e o Reino Unido “são muito importantes”, do ponto de vista comercial, económico, financeiro, ou mesmo ao nível do turismo.

“Muitos britânicos têm relações muito próximas com Portugal. Essas questões estão acauteladas, não nos devemos preocupar”, disse o ministro.

Na entrevista de quinta-feira à RTP, Christine Lagarde considerou que "quanto mais amigável for o acordo e mais eficaz for o período de transição, menos riscos se materializarão para a totalidade do Reino Unido, para a totalidade da União Europeia e, certamente, para Portugal, que é um parceiro do Reino Unido".
Perturbações "no curto prazo"
Em declarações aos jornalistas ainda sobre o Brexit, Mário Centeno assumiu que o verdadeiro impacto de um no-deal para a Europa ainda é incerto.

“Não sei se algum país está completamente protegido para uma saída sem acordo, dada a sua dimensão em termos de implicações”, disse o ministro.

Mário Centeno reforçou que uma "mudança estrutural" como o Brexit precisa de ser preparado e que haverá sempre perturbações da economia “no curto prazo”.

“Foi isso que fomos fazendo ao longo mais de dois anos de debate, que é um debate que se passa essencialmente no Reino Unido, mas que, por ter implicações para a Europa, nos envolve a todos", acrescentou.

Mário Centeno enfatizou ainda que “é importante continuar a passar a mensagem de que uma saída sem acordo é muito negativa para todos e deve ser evitada a todo o custo”.

A primeira-ministra britânica apresentou esta sexta-feira um pedido formal para um novo adiamento do Brexit até dia 30 de junho, pedido esse que deverá ser avaliado no próximo Conselho Europeu extraordinário sobre a saída do Reino Unido, no próximo dia 10 de abril.

Neste encontro, os líderes dos restantes 27 Estados-membros vão decidir se permitem ou não o adiamento. Esta extensão mais longa poderá implicar a participação do Reino Unido nas eleições europeias caso o acordo de saída não seja aprovado pelos deputados até 23 de maio.
PUB