BdP aconselha "prudência" à banca para reforçar resiliência face a cenário adverso

por Lusa

O Banco de Portugal (BdP) aconselha os bancos a serem "prudentes" na constituição de imparidades e na conservação de capital, para reforçarem a sua resiliência e capacidade de financiar a economia num cenário adverso.

No Relatório de Estabilidade Financeira que hoje divulgou, o banco central refere que, "apesar do cenário central favorável, as instituições devem ser prudentes": "Também o setor bancário está exposto à potencial materialização de condições económicas e financeiras adversas, que tenderá a traduzir-se num maior risco de crédito", sustenta.

Para a instituição liderada por Mário Centeno, os riscos para a estabilidade financeira continuam associados a desenvolvimentos económicos adversos potencialmente decorrentes das atuais tensões geopolíticas.

"Os conflitos militares em curso, um aumento do protecionismo global e um abrandamento nas principais economias do mundo podem condicionar a economia portuguesa", afirma.

Por outro lado, são também "elementos de risco" o "ressurgimento de pressões sobre a dívida pública de países europeus e a eventualidade de novos choques inflacionistas que limitem o alívio da restritividade da política monetária".

O BdP destaca, contudo, as "melhorias assinaláveis" registadas pelo setor bancário "em termos de liquidez, qualidade de ativos, eficiência e capital", notando que "não se tem assistido a uma deterioração da qualidade creditícia dos ativos bancários".

"No crédito a empresas, cerca de metade das operações tem sido dirigida a grupos de menor risco", enquanto "no crédito a particulares, a recomendação macroprudencial tem reforçado a resiliência do setor financeiro e dos mutuários", detalha.

Neste sentido, refere que, depois de em outubro ter entrado em vigor a reserva de risco sistémico setorial de 4%, aplicada a bancos que usam o método de notações internas (IRB), reforçando a sua resiliência face a desvalorizações no mercado imobiliário, o BdP avançou com uma proposta para fixar a percentagem da reserva contracíclica de fundos próprios em 0,75% do montante total da exposição de crédito do setor bancário nacional ao setor privado não financeiro, ponderada pelo risco.

Segundo refere, esta proposta surgiu tendo em conta "o contexto económico atual, os níveis de rendibilidade e de capitalização dos bancos e visando o reforço da capacidade de absorção de perdas inesperadas associadas a choques sistémicos".

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