O Grupo Banif anunciou esta tarde em conferência de imprensa a aquisição do Banco Mais. Vitor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, defende a fusão. A CMVM suspendeu a negociação em Bolsa enquanto não se conhecem os contornos do negócio.
O Grupo de Horácio Roque confirmou, esta tarde, em conferência de imprensa,o negócio. O grupo já informou a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) da compra da maioria do capital da Tecnicrédito, Holding que detém o Banco Mais.
O Banif celebrou com a Tecnicrédito um acordo de fusão por integração desta última. O Banif ficará a deter entre 90 a 100% do capital da Tecnicrédito, cujos accionistas ficarão com um máximo de 25% do capital do Banif.
No comunicado enviado à CMVM fica a saber-se que o Banif celebrou "um acordo com os accionistas controladores da Tecnicrédito - SGPS, S.A, holding do grupo financeiro que integra, entre outras entidades, o Banco Mais, S.A., especializado na área de crédito automóvel, através da aquisição pelo Banif de acções representativas de um mínimo de 90,01 por cento e de um máximo de 100 por cento do capital social da Tecnicrédito".
A nota explica ainda que "a integração terá por base uma permuta, recebendo os accionistas da Tecnicrédito valores mobiliários emitidos pelo Banif, sendo que, nos termos da relação de troca acordada, por cada acção da Tecnicrédito entregue deverão ser dadas em contrapartida 4 acções ordinárias representativas do capital social do Banif e 4 Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em acções representativas do capital social do Banif".
O Banif vai aumentar o seu capital de 350 milhões de euros para 490 milhões e está garantido que a Rentipar, controlada por Horácio Roque, continuará a controlar o Banif.
É a segunda operação do género em menos de 24 horas, já que durante a madrugada desta sexta-feira a Orey anunciou a compra do Banco Privado Português (BPP) pelo valor simbólico de um euro.
Os parceiros do negócio
O Banco Mais é um banco grossista que desenvolve a sua actividade na área da concessão de crédito ao consumo, nomeadamente no crédito automóvel a particulares.
Do bolo total do seu negócio, 78% do crédito concedido é ao sector automóvel e mais de 13% está concentrado no Leasing. Tem cerca de 500 colaboradores e mais de 40 balcões em Portugal, Espanha, Hungria, Eslováquia e Polónia.
O capital social da instituição é detido integralmente pela "Tecnicrédito", também ela uma sociedade financeira de aquisição a crédito, pertencente ao Grupo Auto-Industrial.
A sociedade Banif SGPS é detida em cerca de 70 por cento por Horácio Roque, através da "Rentipar", estando parte do capital disperso em bolsa.
A "holding" Banif SGPS integra, além do banco comercial e de retalho, com o mesmo nome, outras sociedades, como o "Banif - Banco de Investimento", a companhia de seguros "Açoreana", e participadas como o "Banif Brasil" e "Banif Malta".
Venda de acções suspensa na Bolsa
A CMVM, tomando conhecimento das intenções entre as duas instituições financeiras, decidiu pedir a suspensão da negociação das acções do "Banif" até obter informação sobre a operação.
"O Conselho Directivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou (...) solicitar à Euronext a suspensão imediata da negociação das acções do BANIF - SGPS, SA nos mercados regulamentados da "Euronext Lisbon" até à divulgação de informação relevante sobre este emitente", diz um comunicado da supervisão.
Antes da suspensão o valor das acções negociadas em Bolsa valorizaram três por cento.
Vítor Constâncio apoia compra do Banco Mais
A aquisição do Banco Mais pelo Banif é bem vista pelo Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, que considerou que "a consolidação é algo favorável ao sistema financeiro".
O Governador do Banco de Portugal já tinha revelado ser partidário de uma maior concentração no sector bancário português, que permita criar instituições financeiras mais fortes. Vítor Constâncio considera que a operação hoje tornada pública "vai nesse sentido".