A economia portuguesa deverá ter este ano um crescimento de 2,3 por cento. É o que estima o Banco de Portugal nas previsões conhecidas esta quinta-feira.
A estimativa para este ano representa uma ligeira revisão em alta face ao Boletim Económico de dezembro, quando a instituição liderada por Mário Centeno projetava um crescimento de 2,2 por cento, e é também uma perspetiva mais otimista para este ano do que o inscrito pelo Executivo de Luís Montenegro no Orçamento do Estado para 2025, de um crescimento de 2,1 por cento.
"Este ritmo continuará a superar a média da área do euro, beneficiando em 2025-26 do alívio das condições financeiras, da aceleração da procura externa e de uma execução de fundos europeus mais concentrada no próximo ano", indica o Bando de Portugal, sendo que o crescimento mais baixo de 2027 deve-se ao fim do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Já no que diz respeito à inflação, a estimativa é de que abrande para 2,3 por cento este ano e estabilize em dois por cento nos dois anos seguintes, "beneficiando de um crescimento mais contido dos preços nos serviços".O banco central alerta ainda assim para que os riscos desta projeção são significativos, numa altura em que "à invasão da Ucrânia e ao conflito no Médio Oriente junta-se a nova orientação geopolítica e comercial dos Estados Unidos".
"A materialização destes riscos pode significar aumentos do preço das matérias-primas, disrupções nas cadeias de abastecimento, menor crescimento do comércio mundial e flutuações cambiais marcadas. Não menos importante, a incerteza pode levar empresas e famílias a adiar ou cancelar decisões de investimento e consumo", destaca.
Uma incerteza que “pode levar os agentes económicos a adiar ou cancelar decisões de investimento, a aumentar a poupança por motivos de precaução ou a exigir prémios de risco mais elevados, reduzindo o preço dos ativos e aumentando os custos de financiamento”. Madalena Salema - Antena 1
Em relação ao aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações da União Europeia, envolvendo retaliação e aumento da incerteza/redução da confiança, o boletim alerta para “um impacto negativo relevante na atividade económica em Portugal”.
Em sentido contrário, “o aumento esperado da despesa militar no contexto do plano de reforço da capacidade de defesa europeia pode estimular a economia”.
O Banco de Portugal identifica também os riscos externos, no caso de inflação, que “têm potencial para gerarem pressões inflacionistas superiores às assumidas, via subidas dos preços das matérias-primas ou dos preços de importação pelo impacto das tarifas”
Com consequências negativas para a competitividade externa, “o dinamismo dos salários poderá também persistir, refletindo-se nos preços dos serviços e comprometendo o ritmo projetado de redução da inflação”.