O Banco de Portugal estima que o país vai regressar a uma situação deficitária em 2025, com uma derrapagem de 0,1 por cento do PIB, o que contraria as projeções do Governo de um excedente orçamental. Já o crescimento da economia portuguesa, segundo o Boletim Económico, deverá situar-se em 1,7 por cento em 2024 e 2,2 em 2025, em resultado da melhoria das condições financeiras, da aceleração esperada da procura externa e da entrada de fundos europeus.
"As projeções orçamentais apontam para o regresso a uma situação deficitária, embora o rácio da dívida pública mantenha uma trajetória descendente, atingindo 81,3 por cento do PIB em 2027", indica o BdP, no Boletim Económico de dezembro divulgado esta sexa-feira.
O banco central estima que o "saldo orçamental deve deteriorar-se em 2025, para -0,1 por cento do PIB", enquanto nos anos seguintes "continuam a projetar-se défices, em resultado das medidas permanentes já adotadas - com impacto na despesa pública e na receita fiscal -, dos empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) previstos para 2026 e, a partir de 2027, do aumento de despesa para assegurar a continuidade dos projetos financiados pelo PRR".
As projeções do Boletim Económico estimam que o ano que está prestes a terminar seja ainda de excedente - de 0,6 por cento do PIB e acima dos 0,4 por cento do PIB com que o Governo está a contar. Nos anos seguintes, segundo o mesmo indicador, a situação orçamental deverá agravar-se mais, com expectativa de um défice de 1 por cento do PIB em 2026 e de 0,9 por cento do PIB em 2027.
No OE2025, o Governo estimava que se iria verificar um excedente de 0,3 por cento em 2025, sendo que, segundo o plano orçamental de médio prazo enviado a Bruxelas, projetava também um saldo orçamental positivo até 2028.Revisão em alta das previsões de crescimento
Banco de Portugal apresentou uma ligeira melhoria das previsões de crescimento económico para este ano e para o próximo. A instituição liderada por Mário Centeno estima que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 1,7 por cento em 2024 e 2,2 por cento em 2025 - anteriormente estimava 1,6 por cento e 2,1 por cento, respetivamente.
Apesar desta revisão em alta, face aos 1,6 por cento e 2,1 por cento estimados no Boletim de outubro, o valor para este ano continua abaixo do estimado pelo Governo no Orçamento do Estado, que é um crescimento de 1,8 por cento. Já para 2025, fica acima do projetado pelas Finanças, que estimam 2,1 por cento.
O banco central estima agora que a economia portuguesa vai crescer 1,7 por cento este ano, 2,2 por cento em 2025 e 2026, e 1,7 por cento em 2027, "mantendo a trajetória de convergência com a área do euro".
O banco central português explica, no Boletim, que “a atividade nos próximos dois anos reflete um enquadramento mais favorável, com a melhoria das condições financeiras, a aceleração esperada da procura externa e a maior entrada de fundos da União Europeia”. No entanto, adverte que o enquadramento externo está sujeito a riscos significativos em baixa de natureza económica e geopolítica.
A revisão do crescimento reflete "sobretudo a maior expansão orçamental, associada à inclusão de novas medidas fiscais e de aumento da despesa pública, assim como à recalendarização das despesas no âmbito do PRR", indica a instituição liderada por Mário Centeno.
Já em 2025 e 2026 o crescimento económico "reflete a melhoria das condições financeiras e a aceleração da procura externa, mas também a orientação expansionista e pró-cíclica da política orçamental".
Segundo as projeções do banco central, a inflação reduz-se para 2,6 por cento em 2024 e 2,1 por cento em 2025, estabilizando em 2 por cento nos dois anos seguintes.
c/ Lusa