Banco de Moçambique mantém previsão de crescimento se instabilidade acabar rapidamente

por Lusa

O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou hoje que a instabilidade pós-eleitoral no país não altera as previsões de crescimento, que já incorporavam essa possibilidade, desde que "se dissipe" no "curto prazo".

"Por enquanto, na base daquilo que sabemos hoje, de como esses riscos estão a ocorrer e se está materializando neste momento (...) no entendimento que esse processo, esses riscos, se dissipem no curto prazo, é que essas perspetivas da nossa economia são positivas. Hoje, por enquanto. No entendimento que se dissipe num período razoável, curto", disse o governador, durante o 49.º conselho consultivo do banco central, que decorre em Maputo.

"É essa a mensagem, porque já estavam incorporados [os riscos pós-eleitorais], na nossa visão, nas nossas perspetivas. Hoje só estão-se a realizar. Não são uma coisa nova em que, como tal, temos que ajustar as nossas previsões. É uma realização daquilo que nós estávamos a ver", disse Zandamela.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

"As nossas projeções já têm vindo a incorporar esses riscos, essas incertezas", garantiu o governador do Banco de Moçambique na intervenção de hoje, quando há mais de duas semanas as atividades económicas estão fortemente condicionadas pela contestação pós-eleitoral, com protestos que até se alastram ainda à principal fronteira do país, Ressano Garcia, com a África do Sul, que encerrou.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país em 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para quinta-feira, 07 de novembro, que degenerou em violentos confrontos no centro da capital, com barricadas e pneus a arder em vários pontos.

Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique, anunciou na quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

Na sua intervenção desta manhã, o governador do banco central afirmou que o que está a acontecer, incluindo riscos externos como as eleições nos Estados Unidos da América, representam "uma materialização" das previsões da instituição: "Não é uma coisa nova para nós, no Banco de Moçambique".

"Era para prepararmos que se as coisas derem errado, não podemos ter surpreendidos. Então fomos conservadores das nossas projeções, nas nossas perspetivas, porque tínhamos em mente que as coisas podiam não correr [bem], esses riscos são reais. Os sinais estavam e hoje estão ali a realizar", afirmou Zandamela.

O governador disse ainda que, na avaliação do Banco de Moçambique, "prevê-se que atividade económica continue a crescer de forma moderada, estimulada essencialmente pela normalização da taxa MIMO [de juro], implementação de projetos chave" na área de energia, transporte, indústria extrativa.

"No mesmo horizonte de curto e médio prazo, as nossas perspetivas continuam a apontar para uma manutenção da inflação estável e baixa em torno de um dígito", apontou.

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