Banco Central Europeu mantém taxas de juro inalteradas

por RTP
Esta é a segunda pausa consecutiva depois de dez subidas das taxas de juro, já que a inflação dá sinais de abrandar. Heiko Becker - Reuters

O Banco Central Europeu decidiu esta quinta-feira manter as taxas de juro. É o último encontro deste ano do BCE de Christine Lagarde. A autoridade monetária mantém a taxa dos depósitos em quatro por cento.

"Decidimos manter inalteradas as três taxas de juro do BCE. Embora a inflação tenha diminuído nos últimos meses, é provável que recupere temporariamente no curto prazo. De acordo com as mais recentes projeções dos especialistas para a área do Euro, a inflação deverá diminuir gradualmente ao longo do próximo ano, antes de se aproximar do nosso objetivo de dois por cento em 2025", declarou Christine Lagarde esta tarde.

Esta é a segunda pausa consecutiva depois de dez subidas das taxas de juro, já que a inflação dá sinais de abrandar. Confirma-se, assim, a previsão dos analistas, que não estimam ainda um prazo para uma descida.

A taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

"Os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a ser transmitidos de forma vigorosa à economia. As condições de financiamento mais restritivas estão a refrear a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação", indica um comunicado a instituição presidida por Christine Lagarde.

O BCE prevê que o crescimento económico permanecerá fraco no curto prazo, mas considera que "embora a inflação tenha descido nos últimos meses, é provável que volte a subir temporariamente no curto prazo".
"Níveis suficientemente restritivos"
O Conselho do BCE volta a realçar o compromisso com o regresso da inflação à meta de 2% e acredita que as taxas de juro diretoras estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, "darão um contributo substancial para esse fim".

"As futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas diretoras serão fixadas em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário", refere.

Numa altura em que o mercado espera que o BCE avance com um corte das taxas de juro no próximo ano, o Conselho do BCE realça que irá continuar "a seguir uma abordagem dependente dos dados na determinação do nível e da duração adequados da restritividade".

"Mais especificamente, as suas decisões sobre as taxas de juro basear-se-ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária".

As taxas de juro diretoras do BCE são o principal instrumento para estabelecer a orientação da política monetária.
BCE prevê menos inflação e menor crescimento
O Banco Central Europeu reviu ainda em baixa as previsões de inflação e de crescimento económico na zona euro para este ano e 2024.

A instituição liderada por Christine Lagarde está ligeiramente mais otimista sobre a redução da taxa de inflação face a setembro, prevendo uma descida gradual no próximo ano e aproximando-se depois do objetivo, estabelecido pelo Conselho do BCE, de 2% em 2025.

Os técnicos do BCE esperam que a taxa de inflação global, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) se situe, em média, em 5,4% em 2023, 2,7% em 2024, 2,1% em 2025 e 1,9% em 2026.

Em setembro, o BCE apontava para uma taxa de inflação de 5,6% em 2023, de 3,2% em 2024 e de 2,1% em 2025.

Por seu lado, a inflação subjacente abrandou de novo, mas o BCE alerta que "as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, devido sobretudo ao forte crescimento dos custos unitários do trabalho".

O BCE prevê que a inflação, excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, situar-se-á, em média, em 5% em 2023, 2,7% em 2024, 2,3% em 2025 e 2,1% em 2026.

Por sua vez, os técnicos estão ligeiramente mais pessimistas sobre o crescimento económico na média dos países da moeda única.

c/ Lusa
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