Banco Central Europeu aplica novo corte de 0,25 pontos à taxa diretora

por RTP
Christine Lagarde adiantou que o processo de desinflação está bem encaminhado. Wolfgang Rattay - Reuters

O Banco Central Europeu decidiu esta quinta-feira proceder a um novo corte na sua taxa de referência, em 0,25 pontos percentuais, de 2,5 para 2,25 por cento.

Este é já o sétimo corte desde junho de 2024, quando se iniciou o ciclo de reduções dos juros.

As taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às principais operações de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez recuam, deste modo, para 2,25, 2,40 e 2,65 por cento, respetivamente.

“O Conselho do BCE decidiu hoje baixar em 25 pontos base as três taxas de juro diretoras”, anunciou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, Christine Lagarde.

“Em particular, a decisão de baixar a taxa da facilidade permanente de depósito - a taxa através da qual orientamos a política monetária - baseia-se na nossa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força de transmissão da política monetária”, explicou. Lagarde adiantou que o processo de desinflação está bem encaminhado.

“A inflação continuou a evoluir de acordo com as expectativas dos especialistas, tendo a inflação global e a inflação subjacente diminuído em março. A inflação dos serviços também diminuiu acentuadamente nos últimos meses”, declarou.

Segundo a responsável, a maioria dos indicadores de inflação subjacente sugere que a inflação se fixará de forma sustentada em torno do objetivo de médio prazo de dois por cento.

“O crescimento dos salários está a moderar-se e os lucros estão a amortecer parcialmente o impacto do crescimento ainda elevado dos salários sobre a inflação. A economia da Zona Euro tem vindo a ganhar alguma resistência aos choques globais, mas as perspetivas de crescimento deterioraram-se devido ao aumento das tensões comerciais”, afirmou, referindo-se à instabilidade provocada pelas taxas dos Estados Unidos a dezenas de países, entretanto suspensas.
"Novas barreiras ao comércio"

Lagarde alertou que é provável “que o aumento da incerteza reduza a confiança das famílias e das empresas e que a reação adversa e volátil do mercado às tensões comerciais tenha um impacto restritivo nas condições de financiamento”. “Estes fatores poderão pesar ainda mais sobre as perspetivas económicas da zona euro”, que estão "ensombradas por uma incerteza excecional", referiu.

"Os exportadores da área do euro enfrentam novas barreiras ao comércio, embora o seu âmbito permaneça pouco claro. As perturbações no comércio internacional, as tensões nos mercados financeiros e a incerteza geopolítica estão a afetar o investimento das empresas. À medida que os consumidores se tornam mais cautelosos em relação ao futuro, podem também conter as suas despesas", explicou.

O Banco Central Europeu garantiu estar determinado a assegurar que a meta para a inflação se cumpra. “Especialmente nas atuais condições de excecional incerteza, seguiremos uma abordagem dependente dos dados e de reunião para reunião para determinar a orientação adequada da política monetária”, adiantou.

“Em particular, as nossas decisões em matéria de taxas de juro basear-se-ão na nossa avaliação das perspetivas de inflação à luz dos dados económicos e financeiros que nos chegam, da dinâmica da inflação subjacente e da força de transmissão da política monetária. Não nos comprometemos previamente com uma determinada trajetória para as taxas”.

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