Banco central e Moçambique prevê preços a subir até final do ano

por Lusa

O Banco de Moçambique afirma que os preços vão aumentar até final do ano devido às consequências da tensão pós-eleitoral no país, de acordo com a mais recente previsão, a que a Lusa teve hoje acesso.

O relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação (CEPI) indica que a inflação em Moçambique "manteve-se estável em outubro", apesar de um ligeiro aumento para 2,68%, mas "as perspetivas de curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual no quarto trimestre de 2024".

"Esta previsão decorre, essencialmente, das restrições no fornecimento de bens e serviços decorrentes da tensão pós-eleitoral", lê-se no relatório.

Acrescenta que o inquérito de novembro aos agentes económicos "aponta para a estabilidade da inflação anual", em torno de 3,14 % em dezembro, equivalente a 19 pontos base "abaixo das expectativas divulgadas no inquérito anterior".

O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou, há precisamente um mês, que a instabilidade pós-eleitoral no país não altera as previsões de crescimento - 5,5% segundo o Governo em 2024 -, que já incorporavam essa possibilidade, desde que "se dissipe" no "curto prazo", o que não aconteceu até agora, com sucessivas paralisações e manifestações, incluindo o encerramento da maior fronteira do país.

"Por enquanto, na base daquilo que sabemos hoje, de como esses riscos estão a ocorrer e se está materializando neste momento (...) no entendimento que esse processo, esses riscos, se dissipem no curto prazo, é que essas perspetivas da nossa economia são positivas. Hoje, por enquanto. No entendimento que se dissipe num período razoável, curto", disse na altura o governador.

"É essa a mensagem, porque já estavam incorporados [os riscos pós-eleitorais], na nossa visão, nas nossas perspetivas. Hoje só se estão a realizar. Não são uma coisa nova em que, como tal, temos que ajustar as nossas previsões", acrescentou Zandamela.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que disse que vai anunciar hoje uma nova vaga de contestação.

A anterior, entre 27 e 29 de novembro, levou a nova paralisação da cidade de Maputo, com barricadas de manifestantes por toda a capital, impedindo a circulação.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

"As nossas projeções já têm vindo a incorporar esses riscos, essas incertezas", garantiu o governador do Banco de Moçambique.

Esta onda de contestação acontece em Moçambique desde 21 de outubro, com as atividades económicas fortemente condicionadas, com protestos pós-eleitorais que até se alastram ainda à principal fronteira do país, Ressano Garcia, com a África do Sul.

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