Banco Central do Japão vai manter taxas de juro

por Lusa

O vice-governador do banco central do Japão, Shinichi Uchida, disse esta quarta-feira que o país irá manter a atual taxa de juro de referência de curto prazo enquanto os mercados bolsistas continuam instáveis.

"É necessário manter a atual flexibilização por enquanto", disse o dirigente do Banco do Japão (BoJ), durante uma conferência financeira na cidade de Hakodate, no norte do país.

"O aumento das taxas de juro numa situação de instabilidade no mercado financeiro não é uma opção", de acordo com declarações divulgadas pela agência de notícias japonesa Jiji.

Os comentários de Uchida surgem após o principal índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei, ter subido 10,23% na terça-feira, para 34.675,46 pontos, a maior subida percentual num só dia desde 2008.

Na segunda-feira, o Nikkei tinha sofrido a maior queda da sua história, 12,4%, devido aos receios de uma recessão nos Estados Unidos, maior economia mundial, após a taxa de desemprego ter subido em julho para 4,3%, acima do esperado.

Quanto à direção futura da política do BoJ, Uchida disse: "Os grandes movimentos desta semana no mercado de ações e no mercado cambial influenciarão o grau de ajustes de flexibilização monetária no futuro".

Análise das perspetivas 

O dirigente acrescentou que o banco central japonês irá acompanhar de perto e com "um grau de nervosismo extremamente elevado" a evolução.

Também hoje, dados divulgados pelo Ministério das Finanças mostraram que o governo nipónico realizou uma intervenção monetária recorde de compra de ienes e venda de dólares em 29 de abril, avaliada em 5,9 biliões de ienes (36,6 mil milhões de euros).

A operação foi realizada depois da moeda japonesa ter atingido os 160 ienes por dólar, o nível mais baixo desde 1990, devido à grande diferença entre as taxas de juro de referência no Japão e nos Estados Unidos.

O relatório divulgado hoje mostra que as autoridades financeiras japonesas fizeram outra intervenção em 01 de maio, avaliada em 3,87 biliões de ienes (24,33 mil milhões de euros).

Um iene barato melhora o desempenho das empresas japonesas no estrangeiro, mas torna as importações mais caras para o Japão, um país que depende quase exclusivamente do exterior em áreas como a energia.

 

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