Aprovada privatização de até 70 por cento dos CTT em bolsa e por venda direta

por Carlos Santos Neves, RTP
Foi também aprovada em Conselho de Ministros a constituição da comissão especial de acompanhamento da privatização dos CTT Marcos Borga, Reuters

O governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, os contornos da privatização dos CTT – Correios de Portugal, um processo que será concretizado através de uma Oferta Pública de Venda no mercado português e da “venda direta a um conjunto de instituições financeiras”, que ficarão “obrigadas a proceder à subsequente dispersão das ações nos mercados de capitais”. Foi também aprovada a criação de uma comissão de acompanhamento do dossier.

Nos termos de um comunicado com a chancela do Conselho de Ministros, a holding Parpública, responsável pela gestão das participações do Estado, está agora mandatada para alienar ações em número equivalente a uma percentagem de “até 70 por cento do capital social” dos Correios de Portugal.
O secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações havia já admitido na quarta-feira que a dispersão em bolsa constituía “o cenário central” em cima da mesa do executivo. Contudo, Sérgio Monteiro sublinhara também que faltava ainda uma “confirmação oficial”.


A privatização dos CTT passará por um par de operações - uma OPV no mercado português e a “venda direta” a instituições financeiras, que terão de “proceder à subsequente dispersão” de títulos pelos mercados de capitais. Uma fatia representativa de até cinco por cento do capital fica reservada à compra por parte de trabalhadores da empresa.

O governo aprovou ainda a constituição da comissão especial de acompanhamento da privatização, que terá como tarefas “apoiar tecnicamente o processo” e “garantir a cabal observância dos princípios da transparência, do rigor, da isenção, da imparcialidade e da melhor defesa do interesse público”. Os elementos a integrar nesta estrutura vão ser nomeados por despacho, ao abrigo da lei-quadro das privatizações.Grupo Rangel desiste

O Diário Económico noticiou no início da semana que, para além do grupo Urbanos, estariam na corrida ao processo de privatização dos CTT o grupo Rangel, em aliança com o Montepio, o empresário Paulo Fernandes, o Apax Partners Equity Investment Group Fund, outros dois ou três fundos do mesmo tipo e os Correios do Brasil.

O próprio vice-presidente brasileiro, Michel Temer, reiterava na segunda-feira, durante a sua visita oficial a Lisboa, o interesse dos correios brasileiros na privatização dos CTT, considerando mesmo que esse seria “o caso mais instante” a discutir com os responsáveis políticos portugueses.

Por seu turno, o presidente da Urbanos, Alfredo Casimiro, confirmaria nesse mesmo dia, em declarações à agência Lusa, que o grupo tencionava concorrer à compra dos Correios de Portugal, escorado por uma parceria com banco de investimento SHUAA Capital, do Dubai. E oferecendo 500 a 600 milhões de euros pela totalidade dos CTT.

Ouvido já esta quinta-feira pela Lusa, Eduardo Rangel, o presidente do grupo aliado ao banco Montepio, anunciou a intenção de abandonar a corrida. "Só nos interessava a privatização se tivéssemos o controlo da empresa. Sem uma posição de controlo, não vamos", explicou.
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