América Latina é prioridade no mercado externo, diz comissário europeu da Indústria
São Paulo, 16 nov (Lusa) - O comissário europeu da Indústria, Antonio Tajani, disse hoje, no Brasil, que a América Latina é a prioridade da Europa do ponto de vista do mercado externo, à frente de China, Rússia e África.
"Há os mercados chinês, russo e africano. Para nós, é mais importante o mercado latino-americano", declarou o responsável, destacando a posição do Brasil nesse contexto, por ser "o país mais forte ao nível económico da América Latina",
Tajani lidera um grupo de mais de 20 representantes de diversos países e setores. Esta é a primeira vez que o Brasil recebe uma missão empresarial europeia liderada por um comissário.
Segundo o representante da Comissão Europeia, a viagem ao Brasil faz parte de um esforço para combater a crise económica.
"Podemos ganhar da crise se trabalhamos em favor da economia real", declarou o comissário europeu, assinalando que essa "economia real" consiste em desenvolver as indústrias, as pequenas e médias empresas (PME) e os mercados interno e externo.
"Para o Brasil é importante trabalhar connosco pela qualidade que podemos agregar às empresas brasileiras e ao setor empresarial do Brasil", explicou o comissário.
Tajani admitiu que os europeus não conseguem concorrer com os chineses "em quantidade", mas reforçou que a "Europa é um valor agregado".
A partir de segunda-feira, o comissário estará no Uruguai, onde acompanhará a cimeira do Mercosul. O acordo comercial UE-Mercosul é um dos temas que pode ser abordado no encontro de chefes de Estado.
As declarações de Tajani foram feitas após reunião da comitiva europeia com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). No encontro, foram apresentadas as características do mercado brasileiro e discutidas formas de aproximar as empresas dos dois lados do Atlântico.
O presidente da FIESP, Paulo Skaf, disse que considera positiva a aproximação da Europa. Segundo o responsável, da mesma forma que os europeus têm interesse pelo mercado brasileiro, os empresários do país também estão de olho no mercado europeu.
"Nós temos 190 milhões de habitantes, com um poder aquisitivo determinado. Na Europa são 500 milhões de habitantes, com um poder aquisitivo muito maior do que o do brasileiro", afirmou Skaf.
O representante do setor industrial de São Paulo disse que é um erro achar que a Europa vai acabar, assinalando que as crises "passam". Para Skaf, o momento de revisão do projeto europeu "abre oportunidades".
O presidente da FIESP citou que o fluxo comercial entre a Europa e o Brasil totaliza hoje 80 mil milhões de dólares, o que representa apenas 1 por cento do comércio europeu com o mundo.
Após a reunião na FIESP, a comitiva europeia visitou o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. O grupo ainda teria um almoço reservado com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Fernando Pimentel, também em São Paulo.
Na quinta-feira, a missão esteve em Brasília, onde firmou acordos nas áreas de inovação e das PME com autoridades brasileiras.