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Alemanha. Venda de carros elétricos ameaçada pelo aumento do preço da energia

por RTP
Aly Song - Reuters

Os recentes aumentos no preço da eletricidade tornaram a compra de carros elétricos menos atraente. A indústria automóvel alemã já regista uma retração na venda de veículos elétricos devido à subida dos custos com a produção.

Os rendimentos dos consumidores a descer, escassez de matérias–primas, falha de peças e ainda os preços da eletricidade a disparar são fatores que contribuem para o impacto negativo na produção e nas vendas do setor automóvel elétrico alemão, dizem os responsáveis da indústria.

Caso a tendência se mantenha, também haverá um efeito indireto sobre os investidores que não terão incentivos para construir instalações de recarga, tornando os carros elétricos menos atraentes e eficientes.

O sucesso dos carros elétricos foi desencadeado quando começaram os aumentos da gasolina. Agora, com os preços da eletricidade a subir, esse sucesso está a regredir.

Desde o momento em que a Rússia interrompeu o fornecimento de gás à Alemanha há quase duas semanas que a produção de eletricidade tornou-se mais cara e estima-se uma nova pressão de custos, devido ao fato de que o preço da eletricidade estar ligado ao do gás, que se tornou cada vez mais escasso.

Stefan Bratzel, especialista em economia do setor automóvel afirma que: "A explosão do preço da eletricidade pode acabar sendo um perigo agudo para a transição de veículos, e precisamos ter muito cuidado com isso".
Carregamento elétrico mais caro
Os proprietários de carros elétricos estão a sentir o aumentos de preços de 10% ou mais, ao carregarem os veículos.

A Allego, uma das principais operadoras de estações de carregamento da Alemanha, aumentou os preços no início deste mês de 43 centavos de dólar por quilowatt-hora para 47 centavos. O carregamento expresso, por meio de uma corrente contínua, aumentou de 65 para 70 centavos de dólar por quilowatt-hora, enquanto o mais rápido, chamado carregamento ultrarrápido, subiu de 68 centavos para 75 centavos de dólar por quilowatt-hora. Muitos dos supermercados, cadeias de bricolage e lojas de móveis que até recentemente ofereciam aos clientes o carregamento elétrico passaram entretanto a cobrar a eletricidade.

"Se os carros elétricos se tornarem mais caros de usar, o aumento da mobilidade elétrica corre o risco de entrar em colapso, porque quase ninguém vai comprar um carro elétrico", realçou Bratzel, citado na publicação The Guardian.

Muitos defensores dos carros elétricos estão a sugerir ao governo alemão que mantenha o preço da eletricidade abaixo do preço da gasolina, pois só assim poderá garantir-se a vantagem dos carros elétricos.

Os subsídios estatais alemães para carros elétricos devem cair para metade e atingirão cerca de 4.500 euros a partir de 2023. Os compradores de híbridos plug-in, que atualmente recebem um incentivo de 6.750 euros, não serão mais suportados.

"É preciso um impulso para o mercado funcionar, e agora isso é absolutamente central", sublinha Bratzel e associa-se a outros especialistas que deixam algumas sugestões para manterem os carros elétricos atrativos: por exemplo aumentar o imposto sobre veículos a diesel e a gasolina ou ser permitido aos veículos elétricos a utilização de faixas de autocarros.

Na Noruega, onde o governo foi um dos primeiros a adotar o incentivo financeiro à compra de carros elétricos e a implantação de uma ampla rede de recarga, 64,5 por cento dos carros novos registrados no ano passado eram veículos elétricos, colocando-o no topo de uma lista organizada pela Associação de Fabricantes de automóveis europeus. A Alemanha está em sexto lugar do ranking, com 13,6 por cento e o Reino Unido em nono, com 11,6%.
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