O aeroporto de Lisboa foi escolhido, entre os 46 da rede Vinci, para ser um centro de excelência na gestão de fluxos de passageiros, estando já alguns projetos piloto em desenvolvimento, disse à Lusa a operadora aeroportuária.
Em entrevista à agência Lusa, a diretora de Comunicação da ANA -- Aeroportos, Catarina Zagalo, adiantou que o grupo Vinci tem "três grandes focos de inovação": projetos para infraestruturas inteligentes, com um centro de excelência no aeroporto de Gatwick, Reino Unido, projetos no âmbito da relação com o passageiro, com um centro de excelência no aeroporto de Lyon, França, e projetos na área de gestão de fluxos, cujo centro de excelência está já numa fase inicial de desenvolvimento no aeroporto de Lisboa.
Catarina Zagalo esclareceu que o centro de excelência em Lisboa já está a desenvolver projetos de inovação que têm a ver com fluxos de passageiros "sem barreiras", o `seamless flow`, o que vai permitir aos passageiros passarem por todas as fases necessárias até ao embarque no avião sem terem de fazer paragens ou mostrar documentação, através da leitura de dados biométricos (impressão digital ou reconhecimento facial).
Segundo a responsável, desta forma será feita a identificação dos passageiros e também a sua passagem pelo aeroporto "com mais segurança e mais conforto".
Para tal, estão a ser desenvolvidos alguns projetos piloto e a ideia é implementar esta tecnologia no Terminal 2 do Aeroporto Humberto Delgado, não havendo ainda uma data definida para o início da sua utilização.
De uma forma resumida, o passageiro submete os seus dados do passaporte e permite que lhe seja tirada uma fotografia para recolha de dados biométricos, que são depois armazenados numa base de dados gerida pela operadora aeroportuária.
A partir daí, sempre que se movimentar dentro de um aeroporto da rede Vinci, estarão espalhados dispositivos que vão fazendo a leitura desses dados e permitindo a sua passagem, "sem barreiras", desde a entrada no terminal até ao embarque na aeronave.
"No caso do aeroporto de Lisboa em particular, temos já um projeto piloto concretizado", disse aquela responsável, referindo-se ao projeto Frontex, realizado em parceria com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que consistiu na utilização de tecnologia de identificação de dados biométricos de cerca de 1.100 passageiros no controlo de fronteira.
"Temos no aeroporto de Lisboa outras experiências de investimento e de utilização de tecnologia [de gestão de fluxos], devido ao acelerado crescimento de tráfego", adiantou ainda Catarina Zagalo.
"Coisas tão simples como não ter que tirar os equipamentos eletrónicos de dentro da bagagem [na passagem pelo controlo de segurança], mas que nos permitem, num ponto vista da rapidez de processamento dos passageiros, ter de facto muito mais agilidade e reduzir os tempos de espera", acrescentou.
A Vinci está presente na Web Summit, enquanto parceira do evento, onde está a apresentar a tecnologia `seamless flow` que está a desenvolver.
Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.
A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos, após uma candidatura com sucesso.
O evento realiza-se em Lisboa, teve início na segunda-feira e decorre até quinta-feira.