Aço e alumínio do Canadá e do México taxados até 50% pelos EUA
A Casa Branca confirmou esta quarta-feira que os direitos alfandegários sobre a entrada de aço e de alumínio oriundos dos vizinhos México e Canadá vão ser taxados em 25 por cento em acumulação com os 25 por centro impostos aos restantes produtos dos dois países.
O presidente quer influenciar a Reserva Federal, que decide a política monetária, a descer as taxas de juro, algo a que o presidente da Fed, Jerome Powell, tem resistido.
Ainda na terça-feira, Powell considerou não ser chegado o momento de mexer nas taxas de juro. "Não precisamos de ter pressa para ajustar a nossa política", declarou perante o Senado.
O braço de ferro entre o presidente e a Fed promete continuar, enquanto Trump procura influenciar profundamente o edifício financeiro construído por Washington nas últimas décadas.
Alfândega como arma
Para já, Trump está a usar a economia para fazer política externa de uma forma pouco convencional.
A imposição de direitos aduaneiros agravados aos seus vizinhos diretos, visa por exemplo forçar o México e o Canadá a controlar melhor as suas fronteiras com os Estados Unidos.
Dia 1 de fevereiro, Trump impôs por isso direitos aduaneiros de 25 cento sobre todos os produtos provenientes do Canadá e do México, acusando os dois países de não lutarem suficientemente contra o tráfico de fentanil, um poderoso opióide que tem provocado uma grave crise sanitária nos EUA.
Dois dias depois, suspendeu estes impostos, considerando-se satisfeito com os primeiros gestos dos dois países vizinhos para reforçar o controlo das suas fronteiras e adiando a sua implementação por um mês para dar tempo a serem implementados.
Na passada segunda-feira, Trump assinou um decreto a impor a partir de 12 de março direitos aduaneiros de 25 por cento sobre o aço e o alumínio importados para os Estados Unidos, "sem exceção ou isenção". "E isso são todos os países", sublinhou o presidente a partir da Sala Oval.
Citando riscos para a "segurança nacional", o republicano publicou dois decretos visando o aço e o alumínio, independentemente da sua origem, incluindo parceiros económicos que anteriormente beneficiavam de isenções sobre estes dois produtos: Argentina, Austrália, Canadá, México, UE e Reino Unido.
Já Brasil, Japão e Coreia do Sul ficam privados da isenção de que beneficiavam para o aço e seus derivados.
"Um tiro no pé"
Na terça-feira, o ministro mexicano da Economia, Marcelo Ebrard, apelou ao presidente Trump para não "dar um tiro no próprio pé, não destruir o que construímos nos últimos quarenta anos".
"Os Estados Unidos vendem-nos mais (de aço e alumínio), por isso este imposto não se justifica", sublinhou o ministro, que detalhou que o país vizinho fornece ao México "quase 6,9 mil milhões de dólares a mais" do que o México exporta para os Estados Unidos, segundo dados oficiais americanos de 2024.
O seu homólogo canadiano, Dominic LeBlanc, está em Washington na quarta-feira e deverá reunir-se com o principal conselheiro económico de Trump, Kevin Hassett, bem como com o futuro secretário do Comércio, Howard Lutnick, para discutir o assunto.