Veja a entrevisa completa ao capitão do Estoril Praia, Pedro Álvaro
RTP Notícias: Olá Pedro, antes de mais, obrigada por esta entrevista à RTP Notícias. Gostava de começar por falar na tua época. Levas quase 30 jogos com um golo e uma assistência. Como achas que te tens apresentado em termos de forma este ano pelo Estoril?
Pedro Álvaro: Olá. Antes de mais, também agradeço o convite para a entrevista. Acho que tem sido uma época bastante positiva. Acho que tenho estado na minha melhor fase. Se calhar este ano foi um dos meus melhores anos a nível de consistência e até porque também não tenho tido lesões e tem sido também uma boa época por parte do grupo o que ajuda bastante.
RTP: Ia perguntar em relação ao Estoril. Estão no nono lugar. Como achas que a equipa se tem apresentado até ao momento?
PA: Foi uma época que começou como nós não queríamos. Foi um bocado difícil o começo de época porque também temos muita mudança de jogadores, um treinador novo também. Ao início foi muito complicado e as coisas também não estavam a correr bem. Depois adaptámos um bocado o sistema, as coisas começaram a correr de maneira diferente e a equipa começou a entrosar-se mais e os resultados foram aparecendo e creio que agora estamos bem, numa boa fase. Creio que é notória a nossa identidade dentro de campo e isso é bastante bom.
RTP: Falaste desse início de época mais difícil do Estoril no campeonato. Gostava de perguntar como é que o Ian Cathro trabalhou essa mudança na ideia de jogo do Estoril e como é que ele conseguiu implementar uma nova ideia para subirem na classificação?
PA: Nós começámos o campeonato num 4-3-3 e as coisas não estavam a correr muito bem à equipa e depois o mister teve a capacidade de mudar, alterou o sistema, acho que a equipa começou a sentir-se mais confortável, muitos dos jogadores já tinham jogado nesse sistema. As coisas começaram a sair de maneira mais fluída e conseguimos adaptar-nos e as coisas começaram a correr melhor.
RTP: Falando sobre o Ian Cathro, que é escocês, e podia não ter tanto conhecimento do futebol português como defines a relação do treinador com o resto do plantel e a sua metodologia. Como é que ele passa as suas ideias para o resto da equipa?
PA: Ele [Ian Cathro] passa bem as ideias dele, até porque ele fala bastante bem português. Quando o ouvimos a falar inglês não é um bom sinal. É sinal de que está chateado com alguma coisa mas ele consegue transmitir bem as ideias e teve a capacidade de se adaptar. Ele já conhecia o futebol português porque ele foi adjunto do Nuno [Espírito Santo] bastante tempo. As coisas correram de maneira natural, e ele e com o método de treino dele as coisas foram correndo melhor.
RTP: Tendo em conta o lugar do Estoril nesta altura, estão no nono lugar, faltam quatro jornadas. Achas que o Estoril já alcançou o seu objetivo ou pensas que ainda pode haver uma candidatura europeia?
PA: Nós gostamos muitos de olhar jogo a jogo e foi essa a nossa mentalidade desde o início e continua a ser. Queremos terminar na tabela o mais acima possível e vamos continuar a lutar por isso até ao fim.
RTP: Em relação a destaques individuais no Estoril, quem é que destacarias esta temporada?
PA: Eu não gosto de pegar em destaques individuais e acho que cada jogador é importante nos diferentes setores. Um destaque individual que eu daria, até um bocado fora das quatro linhas, daria para pessoas como o [Eliaquim] Mangala que não tem estado tão presente dentro de campo mas acho que é bastante importante para o balneário, porque é uma pessoa que ajuda bastante na adaptação de malta de fora, dos franceses. É uma pessoa com bastante experiência e ajuda muito a malta no balneário.
RTP: Fora do Estoril quem é que destacarias este ano em termos individuais?
PA: Na Liga, acho que o destaque é o Gyokeres, por razões óbvias. Tem bastante impacto nos jogos em que esteve ano e tem números, tem estatísticas, tem tudo. Se tiver de falar em nível de impacto, falo dele.
RTP: Fizeste a formação no Benfica, chegaste a ser capitão da equipa B. Fala-me das aprendizagens que foste tendo nos escalões de formação e como é que eles te influenciaram até chegares a este ponto?
PA: No Benfica foi-me dada uma formação excelente. Lá está, temos todas as condições necessárias para trabalhar e isso ajuda bastante para desenvolver um jogador. Tínhamos também excelentes treinadores logo desde pequenos e começamos a trabalhar muitos aspetos que os mais pequenos têm dificuldades. A nível de formação foi excelente, acho que não podia ter pedido uma melhor formação mas creio que também cresci muito depois na parte de transição para sénior. Depois fui emprestado à B SAD e foi um ano complicado da minha vida, parei um ano de jogador futebol devido a lesões, e essa foi a parte mais difícil e também me fez crescer muito. A formação é excelente porque nos ensina muito a parte técnica e tática do jogo mas o crescer e crescer em campo já se torna um bocado diferente e quando chegamos a um clube e temos lutar por objetivos as coisas começam a ser diferentes e há outro crescimento e foi aí que o Estoril também me ajudou bastante.
RTP: Quando sais do Benfica, aparece o Estoril. Porquê escolheres o Estoril para continuares a tua carreira?
PA: Acho que era o passo certo até na altura estava cá um mister que me acompanhava, o mister Nélson Veríssimo. Foi meu treinador, sabia perfeitamente com o que podia contar. Era uma passo certo porque era um clube que me ia dar a oportunidade de jogar a I Liga que era o que eu precisava no momento. Após um ano de paragem, fiz um ano regular na equipa B [do Benfica] e era o passo certo. Ganhar confiança, ganhar também confiança a jogar uma I Liga, poder-me adaptar e estou feliz.
RTP: És o capitão do Estoril, já aqui estás há três épocas. Como é que descreves até agora a passagem aqui pelo Estoril?
PA: É uma passagem de muito crescimento. Aprendi muito e ter apanhado diferentes treinadores também me abriu muita bagagem, cada um trabalha de maneira diferente, aprendemos sempre alguma coisa com algum, e isso ajudou-me bastante. A passagem por aqui tem-me ajudado bastante nesse sentido.
PA: Tive mesmo a sorte de apanhar excelentes treinadores, mesmo aqui no Estoril apanhei excelentes treinadores. Eu gostava muito de trabalhar com o mister Nélson Veríssimo, já o apanhei desde a formação. Apanhei, mais tarde, também o Ricardo Soares, que trabalha muito bem e é uma excelente pessoa. A nível defensivo ajudou-nos mesmo bastante. No ano a seguir apanhei o mister Vasco [Seabra] que também gostei bastante. Portanto, acho que todos eles, e agora também o mister Ian [Cathro]. São pessoas espetaculares, com quem aprendi muito e coisas diferentes. Não posso estar a dar destaque a um só porque foram todos importantes neste trajeto.
RTP: Em relação à tua continuidade no Estoril. Tens ideia de renovar contrato ou será que vai haver uma nova oportunidade cá dentro [I Liga] ou lá fora?
PA: Não gosto de falar muito sobre perspetivas de futuro porque acho que no futebol, mais que tudo, as coisas mudam muito rápido. Há lesões, há coisas com as quais não podemos contar mas, para já, estou empenhado no Estoril até ao final da época, faltam poucos jogos e depois o futuro vai dizer onde vou estar.
RTP: Mas se tivesses que escolher uma nova Liga para onde pudesses crescer ainda mais, que tipo de futebol é que te agrada?
PA: Gosto de um futebol atrativo, sempre gostei também de ter bola, até porque fiz formação num clube grande, e estava habituado a ter bola. A nossa mentalidade este ano é muito de clube grande, ou seja, queremos impor o nosso jogo, gostamos de pressionar muito alto. Gostava de jogar numa liga competitiva, obviamente, e é essa a perspetiva.
RTP: Falamos de uma Liga Europeia ou achas que uma ida para a Arábia Saudita, até pela questão financeira, poderia estar no teu futuro ou pensas mais em futebol europeu?
PA: Eu penso mais no futebol europeu, obviamente, e percebo quem tomas essas decisões até porque não posso dizer que não irei tomar uma decisão dessas, porque há números que acabam por ser irrecusáveis e isto é um trabalho como todos os outros e tenho a certeza que quando aparece uma proposta de trabalho excelente em qualquer que seja o posto, há que refletir. No entanto, a minha perspetiva é manter-me na Europa e olhar para as perspetivas europeias.
RTP: Perspetivas europeias? Falamos em jogar competições europeias ao mais alto nível?
PA: Isso não cabe só a mim, é uma questão de dar tempo. Não é o momento ainda.
RTP: Representaste Portugal nas camadas jovens. Se tens a vontade de dar o salto para um futebol mais competitivo, ainda aspiras chegar à seleção principal de Portugal?
PA: Isso é uma coisa que acho que todos têm o sonho. Eu tive oportunidade de representar Portugal em todas as camadas jovens. Infelizmente quando me lesionei não fui chamado aos sub-21. Claro que é um sonho e é um objetivo mas, lá está, isso é uma coisa que acaba por acontecer naturalmente. Há que continuar o meu trajeto e continuar a afirmar-me e as coisas acabam por acontecer de maneira natural.
RTP: Só para terminar, o que é o capitão Pedro Álvaro pode prometer aos adeptos do Estoril Praia até ao fim da época?
PA: O que posso prometer é que esta equipa tem uma identidade e é mesmo notória dentro de campo. Somos uma equipa que gosta imenso de pressionar alto o adversário, gosta de impor o nosso jogo e é isso que vamos continuar a fazer até ao último dia, vamos querer sempre lutar pela vitória qualquer que seja a equipa e trazer o máximo de pontos possível para acabarmos o mais bem classificados.