Jornalistas de todo o mundo juntam-se no Centre Principal de Presse RTP

Centre Principal de Presse. O olimpismo também se une no jornalismo

Os Jogos Olímpicos são sempre um momento de união nas mais variadas formas. Para além dos atletas e de fãs que vêm de todo o mundo, também a imprensa se junta nesta competição. Em Paris, no Centre Principal de Presse, milhares de jornalistas seguem as comitivas dos seus países e, quer sejam estreantes ou não, há sempre uma estória para contar.

De computador em punho, os profissionais trabalham sobre as mesas cheias de todos os dispositivos eletrónicos imagináveis. Seguem as comitivas, os atletas e as histórias que fazem todos os Jogos Olímpicos memoráveis.

Em Paris, milhares perseguem a história e as estórias que unem o mundo em momentos de olimpismo.

John Salvado é especialista em Jogos Olímpicos. Pela décima primeira vez, o jornalista australiano vai contar os sucessos e insucessos da Austrália nos jogos de Paris. Pela sétima vez em jogos de verão e depois de quatro de inverno, Salvado espera ver a Austrália com uma boa prestação, tendo a expectativa de o país ficará no quinto lugar de nações com mais medalhas conquistadas.

Depois de relembrar grandes feitos e atletas australianos nos Jogos de inverno, o australiano mencionou os Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, que tiveram como estrela maior Cathy Freeman, velocista dos 400 metros, de origem aborígene. Antes da medalha de ouro, a atleta acendeu a chama olímpica na cerimónia de abertura.

"Cathy Freeman foi a nossa grande corredora dos 400 metros, foi a cara dos jogos para a Austrália, ela é a primeira atleta aborígene, indígena a representar a Austrália. Acendeu a chama olímpica na cerimónia de abertura, uma grande pressão sobre os seus ombros. Toda a gente esperava que ela ganhasse e se não tivesse vencido, não sei, ta,vez todo o país teria criticado mas ela ganhou e foi fantástica".

John Salvado relembrou também que esta é a primeira olimpíada desde o início da invasão russa na Ucrânia e a guerra entre Israel e Hamas que tem levado à morte de muitos civis. O jornalista olha para estes jogos como um evento de segurança máxima.

"A segurança será apertada mas Paris é uma cidade formidável e penso que foi inteligente não terem construído assim tantos edifícios para provas. Estes são os novos jogos".

E termina explicando que a Austrália chega a estes Jogos Olímpicos com equipas fortes e capazes de medalhar, destacando que as grandes estrelas australianas em Paris serão as mulheres.

Fábio Seixas, jornalista da Cazé TV, está a fazer a cobertura dos quintos Jogos Olímpicos da sua carreira e lembra a história do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro que estava na luta por medalhas e acabou por ser interrompido.

“Ele não estava entre os favoritos e começou a liderar a maratona e no meio da maratona houve uma invasão. Um padre irlandês invadiu o percurso da maratona e empurrou o Vanderlei Cordeiro de Lima e perdeu a disputa da maratona ali. Depois foi condecorado pelo Comité Olímpico mas foi uma história muito marcante para os brasileiros”.

O jornalista brasileiro recordou também a importância dos jogos do Rio de Janeiro, em 2016, que acredita terem sido muito importantes para enriquecer a cultura desportiva do Brasil e afirma não ser coincidência a melhoria da prestação dos atletas depois dessas olimpíadas.
"É uma Torre de Babel, há gente do mundo todo, de idiomas diferentes (...) mas toda a gente está unida por um ideal. É um período mágico e durante 15 dias - até pode parecer utópico - deixamos as diferenças de lado e unimo-nos pelo desporto”.
Fábio Seixas explica ainda que Paris é o sítio para se estar e que depois de 100 anos é muito importante haver novos Jogos Olímpicos na capital francesa. Enquanto jornalista, acredita que o momento é propício para a criação de uma Torre de Babel.

“Você entra num centro de imprensa, numa arena, e é uma Torre de Babel, há gente do mundo todo, de idiomas diferentes, biótipos diferentes, expectativas diferentes, histórias diferentes mas toda a gente está unida por um ideal. É um período mágico e durante 15 dias - até pode parecer utópico - deixamos as diferenças de lado e unimo-nos pelo desporto”.

Belhaoua Wahiba é argelina e prepara-se para fazer a cobertura dos seus segundos Jogos Olímpicos, depois de Londres 2012. Jornalista da EPTV, Television Algerie, Wahiba tem uma carreira longa e encontra-se em Paris para continuar a informar os argelinos no que diz respeito a desporto.

Doze anos depois, Belhaoua fala das diferenças entre a capital britânica e a capital francesa, especialmente pela cerimónia de abertura que terá como palco o Rio Sena e com muitas provas a serem disputadas perto de locais icónicos da cidade de Paris.

“Há vários locais turísticos que vão ser reorganizados para os Jogos, há também várias modalidades que entram na história dos Jogos Olímpicos pela primeira vez como o breakdance e o basquetebol de 3x3”.

Belhaoua Wahabi explica ainda na esperança que existe na conquista de medalhas por parte da comitiva da Argélia, especialmente no boxe, judo, atletismo e ginástica.

E terminou a falar de Portugal e como vê os atletas portugueses: “Sobre Portugal, aprecio bastante o Ronaldo, é a estrela do futebol mundial e acho que os portugueses são fortes no desporto coletivo, têm esperança nos desportos coletivos e nos desportos individuais, no atletismo e nos desportos combinados”.

Com todos os continentes representados também no jornalismo, o próximo grande desafio será a cerimónia de abertura na sexta-feira.