Vencedor do Prémio Leya 2024 foi "apanhado completamente de surpresa"

por Antena1

Nuno Miguel Silva Duarte, autor do romance vencedor do Prémio Leya, falou com a Antena1.

Apanhado de surpresa pelo telefonema do presidente do júri do Prémio Leya, Nuno Duarte nem soube o que responder a Manuel Alegre. O escritor premiado conta à Antena 1 que Alegre lhe disse: "Olhe, não diga nada, fique feliz e muitos parabéns". Nuno Duarte explica que ficou boquiaberto porque foi "apanhado completamente de surpresa".

O autor escolhido pelo júri, Nuno Miguel Silva Duarte, tem 51 anos, é publicitário há 30 anos e trabalha em Lisboa. O seu interesse pela literatura começou com os livros que o pai tinha em casa, nomeadamente, com banda desenhada, que lê até hoje. A obra "Pés de Barro" é a sua estreia literária, embora já tivesse escrito antes vários textos ("sem qualidade", como os qualifica). A sua mulher foi a única pessoa a incentivá-lo a continuar a escrever este livro e um editor de Aveiro, Rui Almeida, foi a primeira pessoa a quem deu a ler o manuscrito que lhe disse que este tinha qualidade literária.

A obra premiada pelo júri do Prémio Leya de 2024, "Pés de Barro", conta a história da construção da Ponte 25 de Abril, da vida num pátio operário, da convivência com inúmeros norte-americanos no bairro de Alcântara (em Lisboa) e do choque de culturas que daí adveio, e dos acontecimentos políticos da época. O que inspirou o autor foi o paradoxo de um país que construía aquela que era, na altura, a maior obra pública da Europa e que, ao mesmo tempo, enviava "por baixo dessa ponte" paquetes carregados de jovens para combater numa guerra perdida em África. O júri justificou, no anúncio da escolha, que este livro "atualiza a tradição do romance político-social"

O romance "Pés de Barro" exigiu alguns meses de pesquisa e demorou um ano a escrever - conta Nuno Duarte. Deste romance, já surgiu uma nova ideia, relacionada com o fim da colonização portuguesa, que o escritor pondera desenvolver no futuro.
PUB