A autarquia e a UC, representadas pelo presidente do executivo, Carlos Encarnação, e pelo reitor Fernando Seabra Santos, assinaram hoje um protocolo de cooperação que visa uma "convergência de meios e esforços para a concretização deste desígnio".

A colaboração entre as duas entidades inclui a "harmonização dos critérios de intervenção física e planeamento urbano", o intercâmbio de "informação privilegiada relativa à história da cidade e da UC", para a produção de conteúdos e materiais necessários à fundamentação da candidatura e a organização de eventos científicos e culturais e a produção.

A edição e a divulgação de materiais relacionados com tema e áreas incluídas na candidatura a Património Mundial são outros dos objectivos do protocolo.

Carlos Encarnação que "o trabalho de recuperação da Alta de Coimbra, iniciado pela Câmara Municipal, "só agora começou", mas "vai em bom ritmo", salientando o "entrosamento tão grande e tão profundo" entre a cidade a Universidade, desde 1290, ano da fundação pelo rei D.

Dinis dos Estudos Gerais.

"Não vale a pena dizer que consideramos a Alta Património Mundial", disse o autarca, sublinhando a importância de avançar com os trabalhos preparativos da candidatura do projecto conjunto à UNESCO.

Na sua opinião, o património a classificar, identificado em termos físicos com a Universidade, os monumentos, as habitações e o urbanismo em geral, "está muito para além do conjunto dos edifícios" da Alta.

A candidatura incluirá a história da cidade, da própria Universidade e das tradições académicas, designadamente a canção de Coimbra, a praxe, as repúblicas, as festividades, as cerimónias e os trajes de professores, estudantes e alguns funcionários, como os archeiros, herdeiros da antiga polícia universitária.

O reitor, Seabra Santos, salientou também os "laços tão profundos que existem" entre a UC e a cidade e anunciou que a UC prevê celebrar outros protocolos de colaboração, com a Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, Diocese de Coimbra, Instituto Português do Património Arquitectónico e Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.

"A Universidade de Coimbra teve uma importância determinante na formação e consolidação da língua portuguesa, tendo sido um dos mais importantes centros de irradiação linguística, contribuindo decisivamente para a definição de uma comunidade linguística no âmbito do Império", refere uma nota distribuída aos jornalistas.

Acentua que o conhecimento produzido pela UC, ao longo dos séculos, "influenciou a organização política, o urbanismo e a cultura do Impérío português, do mesmo modo que influenciou directamente a formação das intelectualidade europeia, na área do pensamento filosófico".

A ideia de avançar com uma candidatura a Património Mundial da área urbana constituída pela Alta universitária tem pelo menos 20 anos, tendo sido defendida, em diferentes momentos, pela Câmara Municipal e pelo Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC), então presidido pelo actual vereador da Cultura, Mário Nunes, principal organizador dos dois "Encontros da Alta".

Seabra Santos, questionado pela Agência Lusa, escusou-se a comentar "o que está para trás", frisando que a acção da Universidade com vista à classificação pela UNESCO foi encetada há um ano e meio, coincidindo com o seu mandato de reitor.