Trans Portal é título "divertido" e corresponde ao modo de estar na música de Michel Portal
Lisboa, 06 Mar (Lusa) - Michel Portal "brinca" com o título do Festival que lhe é dedicado e que acontece em Lisboa até 15 de Março, fazendo notar que esta é a sua atitude na música: "divertir-se".
Organizado pela Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) e pelo Teatro S. Luiz, o Festival, intitulado Trans Portal, inclui "masterclasses", concertos de música de câmara, jazz, sinfónicos e um de fado, sábado, no Cinema S. Jorge, com Mísia.
"Trans Portal faz-me rir, acho engraçado, e pode ser interpretado de diferentes formas. Quando ia na auto-estrada, li num camião `Transportal` e disse `Olhem onde eu vou`. Acho bastante divertido", disse o clarinetista à Lusa, rindo, descontraído, durante no intervalo de uma das suas "masterclasses", no edifício da OML.
"Trans Portal pode levar a pensar-se em transe, em transporte de pessoas, ou em notas musicais, de viagem, enfim, não foi uma ideia minha, mas diverte-me", acrescentou.
Ao longo da conversa, Michel Portal, 73 anos, realçou "o gosto e o divertimento" que lhe dá fazer música sem outras preocupações, apenas "pelo prazer de tocar".
Esta é a principal razão do ecletismo que caracteriza a sua carreira, interpretando compositores como Mozart, tocando jazz com o seu quarteto, integrado noutros grupos, ou acompanhando artistas como Edith Piaf, Leo Ferré, Claude Nogaro, Barbara ou Mísia, como acontecerá no sábado.
"Gosto de usar diferentes linguagens para evitar as rotinas", disse, para acrescentar: "Gosto de interpretar tanto um tango como uma java, uma obra de Ravel ou de Stockhausen, misturo tudo e gosto muito, é apenas isso".
Todavia, o músico, que, além de clarinete, toca saxofone alto e bandoneón, assegurou que não o faz por "estratégia" mas sim por "gosto à música".
Referindo-se à parceria com Mísia, Portal assinalou ter conhecido a fadista portuense através do pianista e orquestrador Bruno Fontaine e, no tocante ao Fado, prometeu fazer "uma aproximação muito prudente", tendo em conta a tradição.
"É necessário ser-se muito prudente relativamente a uma canto que já existe há muito tempo, que tem um estilo próprio e ao qual não prestei muita atenção, mas de que gosto muito, apesar de conhecer pouco", disse.
Além do concerto com Mísia e das "masterclasses", até 15 de Março Michel Portal actuará com Augustin Dumay (violino) e Vanessa Wagner (piano) dia 11 no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz, num concerto com peças de Bela Bartók, e Francis Poulenc.
Dia 13, no mesmo espaço, pelas 21:00, participará num concerto de homenagem ao clarinestista Guy Deplus, que foi, aliás, seu professor no Conservatório de Pars.
Dia 15, na sala principal do teatro lisboeta, acompanhado pela OML, sob a direcção de Augustin Dumay, tocará o Concerto para clarinete de Wolfgang Amadeus Mozart.
Michel Portal recebeu há três anos uma Victoire d`Honneur, em Estraburgo, na cerimónia dos prémios Victoires de la Musique Classique, um entre os muitos galardões que ao longo da sua carreira recebeu.
Como clarinetista clássico ganhou o 1.º prémio no Conservatório de Paris (1959), início de uma carreira que o levou a colaborar com vários compositores, como Pierre Boulez e Luciano Berio, e intérpretes como Maria João Pires, Michel Dalberto e Youri Bashmet, entre outros.
NL.
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