Lisboa, 28 Nov (Lusa) - Teresa Salgueiro decidiu sair dos Madredeus para se dedicar aos seus projectos a solo, mas mantém-se disponível para colaborações futuras com o grupo português, afirmou hoje a cantora à agência Lusa.
"Foi uma decisão ponderada e tomada em mútuo acordo com o grupo", sublinhou Teresa Salgueiro, recusando falar no fim do projecto, surgido há 22 anos e que se afirmou como um dos mais importantes da música portuguesa.
"A partir deste momento todas as decisões sobre o grupo são do Pedro [Ayres Magalhães], mas de futuro mantenho-me ao dispor para eventualmente cantar, dentro da minha disponibilidade e da conveniência do grupo", assinalou.
Teresa Salgueiro decide sair por não ter disponiblidade para se dedicar a tempo inteiro aos Madredeus, quando está envolvida em três projectos diferentes.
"Os Madredeus são independentes e exigiam uma grande entrega e disponilidadade que hoje não posso dar", disse.
Teresa Salgueiro anuncia a sua saída dos Madredeus numa altura em que intensifica a sua agenda de concertos de promoção dos dois álbuns que editou em nome próprio, "Você e Eu" e "La Serena".
Além destes dois projectos, Teresa Salgueiro é ainda uma das solistas do álbum "Silence, Night and Dreams", do compositor polaco Zbigniew Preisner, e integra o elenco do concerto de apresentação ao vivo, domingo, no Barbican Center Hall, em Londres, com a participação da Orquestra Sinfónica de Londres.
Este anúncio de Teresa Salgueiro surge também no final de um ano sabático, que os Madredeus iniciaram em 2006.
Em Outubro do ano passado, Pedro Ayres Magalhães, fundador e principal compositor dos Madredeus, anunciou que o grupo iria parar por um ano "para pensar e reorganizar" as suas actuações.
Na altura, o músico garantia que o grupo não iria acabar, mas apenas reduzir o ritmo de actuações e edições discográficas que mantinha desde os anos 1990.
Apesar da saída dos Madredeus, Teresa Salgueiro diz que ficará "sempre ligada" ao grupo que a deu a conhecer nos anos 1980.
"Estou muito grata ao grupo por ter participado nesta extraordinária aventura que foram os Madredeus", subinhou.
Teresa Salgueiro, 38 anos, entrou para os Madredeus em 1986, com apenas 17 anos, depois de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes a terem ouvido cantar em Lisboa.
Integrou imediatamente os Madredeus, um projecto de Pedro Ayres Magalhães no qual participavam aqueles dois músicos, assim como o violoncelista Francisco Ribeiro, e que partia da recuperação da música popular portuguesa.
Com um timbre invulgar e cristalino, Teresa Salgueiro foi, durante duas décadas, a referência musical do grupo, já que as músicas eram compostas em função da sua voz.
Os Madredeus venderam cerca de três milhões de discos em todo o mundo e foram um dos raros casos na música portuguesa em que uma banda teve sucesso internacional constante ao longo de vários anos.
Deixam álbuns como "Os dias da Madredeus", o registo de estreia que completa 20 anos em 2007, "O espírito da paz" (1994), "Movimento" (2001) e "Um Amor Infinito" (2004).