Teatro Praga estreia "Timão de Atenas" e completa trilogia iniciada em 2010 no CCB
O Teatro Praga estreia, no sábado, no Centro Cultural de Belém (CCB), a encenação de "Timão de Atenas", completando a trilogia `shakespeariana` iniciada em 2010 com "Sonho de Uma Noite de Verão", neste complexo cultural, em Lisboa.
A partir de "Timão de Atenas", de Shakespeare (1564-1616), e da composição musical homónima de Henry Purcell (1659-1695), sobre a obra de `O Bardo`, José Maria Vieira Mendes elaborou um texto, juntamente com André e. Teodósio, Cláudia Jardim e Pedro Penim (Teatro Praga), que sobe a cena no sábado, domingo e segunda-feira, no Grande Auditório do CCB, com a colaboração musical da orquestra de época Ludovice Ensemble.
Segundo o Teatro Praga, este terceiro momento da trilogia, que segue o formato do "Teatro da Restauração", concentra-se nas relações entre "arte e capitalismo, caminhando para um abandono progressivo dos objetos, da concretização e da partilha, e aproximando-se de uma `experiencialidade` individualista, capaz de gerar capital sem produzir material".
"Timão de Atenas" vai à procura da melhor forma de acabar, acrescenta este grupo de teatro sobre o espetáculo baseado no texto de Shakespeare e na composição musical do compositor inglês Henry Purcell, precursor da ópera barroca inglesa.
Datada de 1694, e composta por encomenda do poeta e dramaturgo Thomas Shadwell (1642-1692), a obra de Purcell - uma `mask` (`mascarada`) - segue de perto a adaptação do texto original de Shakespeare, "A Vida de Timão de Atenas", assinada pelo escritor.
A `mascarada` era uma forma de entretenimento praticada entre membros da corte, em moda nos séculos XVI e XVII, que envolvia música, dança, canção e representação, pautada por cenografias elaboradas e figurinos sumptuosos. Os "mascarados" eram, habitualmente, membros da corte e, por vezes, até o próprio rei, acompanhados por atores e cantores profissionais.
"Timão de Atenas" apresenta-se nove anos depois de o Teatro Praga ter apresentado, no Grande Auditório do CCB, "Sonho de uma noite de verão", espetáculo que partia de uma `semiópera` de Henry Purcell, "The Fairy Queen" que, por sua vez, também partia do encontro com o texto "Sonho de uma noite de verão", do escritor nascido em Stratford-upon-Avon.
Em 2013, este grupo de teatro regressou a Shakespeare e a Purcell, "apropriando-se" de outra composição musical do inglês escrita para animar uma adaptação de Thomas Shadwell de uma peça de Shakespeare: "A Tempestade" ou "A Ilha Encantada".
Seis anos depois de "A Tempestade" e nove anos depois de "Sonho de Uma Noite de Verão", o Teatro Praga completa o que sempre foi pensado como uma trilogia, acrescenta o grupo.
E se em "Sonho de Uma Noite de Verão" se procurava o lugar do poder antes ocupado pelo monarca, e de que modo a figura do programador ou curador preenche uma posição central na definição da arte que vale, já "A Tempestade" se voltava para o artista, para quem faz, e para a relação deste com o meio (público, teatro, escrita), argumenta o coletivo de teatro.
A dirigir o Ludovice Ensemble está Fernando Miguel Jalôto -- cocriador, em 2004, juntamente com Joana Amorim, deste grupo especializado na interpretação historicamente informada de música antiga, com sede em Lisboa.
A interpretação da peça conta com André e.Teodósio, Cláudia Jardim, David Mesquita, Diogo Bento, Joana Barrios, João Abreu, Marcello Urgeghe, Patrícia da Silva e Pedro Penim
A cantar vão estar as sopranos Ana Quintans (Cupido) e Joana Seara (Ninfa), o barítono André Baleiro (Baco), e os tenores Fernando Guimarães (seguidor de Baco I) e André Lacerda (seguidor de Baco II).
A orquestra é composta por instrumentos de época (ou réplicas de instrumentos em uso na época) Stephen Mason (trombeta), Joana Amorim (flautas), Pedro Lopes e Castro (oboé e flautas), Andreia Carvalho (oboé), José Rodrigues Gomes (fagote e flautas), Sabine Stoffer (concertino/violino solo), Patrizio Germone (violino solo), César Nogueira, Flávio Aldo, Álvaro Pinto e Denys Stetsenko (violinos), Lúcio Studer (viola), Sofia Diniz (viola da gamba), Marta Vicente (grande viola da gamba), Vinícius Perez (tiorba e guitarra) e Fernando Miguel Jalôto (cravo e direção).
A cenografia e figurinos são de Joana Sousa e Joana Barrios, o desenho de som e sonoplastia, de Miguel Lucas Mendes, e a iluminação, de Daniel Worm d`Assumpção.
As récitas de sábado e segunda-feira (dias 6 e 8) realizam-se às 21h00, a de domingo (dia 7), tem início às 16h00.