Sardenha. Esculturas de pugilistas da Idade do Ferro lançam pistas sobre cultura nurágica

por RTP
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Os torsos nus de dois guerreiros de há três mil anos foram descobertos na necrópole do Mont'e Prama, na ilha da Sardenha. As esculturas em calcário foram identificadas como sendo de pugilistas de Cavalupo, graças ao escudo que trazem à cintura. São a mais recente descoberta dos arqueólogos, que se juntam a outras representações monumentais de guerreiros, arqueiros e lutadores, com até 2,5 metros de altura, o que justifica a designação de gigantes do Mont'e Prama.

Os torsos em calcário e os seus fragmentos são a primeira descoberta desde abril, quando as escavações na parte sul da grande necrópole foram retomadas. Vêm juntar-se a um conjunto de representações colossais, que desde 1974 têm vindo ser descobertas na localidade de Cabras.

As mais recentes esculturas a serem descobertas estavam perto de duas outras estátuas semelhantes, identificadas em 2014. As esculturas são do tempo da civilização Nurágica, que surgiu na Sardenha em 1.700 a.C. e ali floresceu até ao século II.

Os arqueólogos acreditam que as colossais esculturas guardavam túmulos da necrópole. Estudos feitos a 170 sepulturas descobriram que o cemitério destinava-se quase exclusivamente a jovens do sexo masculino.

“Duas novas joias acrescentam charme misterioso a este conjunto de estátuas”, comentou o ministro italiano da Cultura. “É uma descoberta excecional” que vem acrescentar informação ao que se sabe sobre a antiga civilização do Mediterrâneo, afirma Dario Franceschini.

Estes dois “grandes e pesados blocos de torsos vão precisar de tempo para se libertarem dos sedimentos que as rodeiam e para se preparar para uma recuperação segura”, explica Monica Stochino, também do ministério da Cultura.

Os arqueólogos também desenterraram uma estrada fúnebre, com túmulos que datam entre 950 e 730 a.C.

A ilha tem ainda milhares de grandes estruturas de pedra em forma de torre, conhecidas como nuraghi, mas a sua função original ainda é desconhecida.

O conjunto arqueológico do Mont’e Prama foi descoberto por agricultores em 1974. As quatro primeiras campanhas de escavações, entre 1975 e 1970, permitiram trazer à luz do dia cinco mil peças, incluindo 15 cabeças e 22 torsos.

De acordo com as estimativas mais recentes, foram identificadas 44 estátuas, 25 das quais já foram restauradas e montadas. Algumas destas podem ser visitadas no museu de Cabras desde 2014.
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