Músico, sonoplasta, Philippe Lenzini vive em Portugal há uma dezena de anos e é nos arredores de Lisboa que cria e trabalha a sonorização e o desenho sonoro dos Spam Cartoons.
Porque "os sons transmitem imagens", conta-nos Philippe, o trabalho pode ser mais surrealista ou mais simples. Portanto, a paleta de cores dos sons "é vasta" e não cabe numa lista fechada.
Todas as semanas, Philippe Lenzini sente um burburinho criativo sonoro. Nas manhãs de quarta-feira, explica, “pergunto qual é o tema” ao cartoonista responsável pelo Spam Cartoon daquela semana, “recebo um pequeno texto com a explicação do filme e assim posso começar a pensar. Quando recebo o filme é quando o trabalho começa, mas aquele momento antes para pensar, para imaginar, é importante”. É uma espécie de primeiro contacto com a ideia do filme que há-de chegar.
Foi o que aconteceu para o Spam Cartoon Prighozin sobre Yevgeny Prigozhin, fundador e líder do grupo paramilitar Wagner que ganhou proeminência depois de a Rússia ter enviado o exército para a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Antes de liderar uma rebelião armada contra a liderança militar da Rússia, Prigozhin era um dos mais próximos de Putin.
Neste Spam Cartoon, Philippe criou a música abstrata que aprofunda a mensagem sombria do cartoon animado. “O som é poderoso. Pode ajudar a rir, a ter medo, a perceber (a mensagem) e também pode estragar tudo”. Em Prigozhin não estragou.
Os três cartoonistas têm “estilo diferentes”, diz Philippe Lenzini. Por exemplo, André Carrilho “às vezes pede sons mais fortes, de explosões”. Tiago Albuquerque, que é músico, muitas vezes envia o cartoon animado já com uma referência musical daquilo que ele quer, “acontece, mas não é sempre!”. “O universo dele é mais ligado ao cinema e muitas vezes (as músicas) são referências a filmes”.
Quanto a Cristina Sampaio, o seu “universo (criativo) é diferente”, “temos de encontrar sons surrealistas, por exemplo se uma bola cair no chão, não chega o som de uma bola a bater no chão. É preciso um som diferente que reforce” a ideia da mensagem que quer transmitir. Não é sempre, mas às vezes é preciso “criar um som com uma coisa diferente”, explica Philippe.
Foi o que aconteceu para o Spam Cartoon sobre o assalto a Tancos, em que a ideia foi fazer um espetáculo de Guignol, de marionetas, "com todos os envolvidos no caso. O primeiro-ministro, o Presidente, os generais, todos como marionetas e a música seria uma opereta. No fim, acabei por cantar no estúdio”.
O som também serve o humor e a música também cria ambientes particulares, mas “não posso usar uma música completamente fora do contexto” garante Philippe Lenzini. Por isso, sendo ele músico, quando a sua biblioteca sonora não tem o que ele procura… não há problema.
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