Lisboa, 28 Set (Lusa) - O quadro "O fado" de José Malhoa vai estar exposto no renovado Museu do Fado, em Lisboa, que reabre portas quinta-feira com um novo programa museológico.
Das colecções municipais vem "O fado" de José Malhoa e também uma litografia de Rafael Bordalo Pinheiro "Os fadistas", de 1873.
Situado no Bairro de Alfama, o Museu que foi outrora uma estação elevatória de águas, abriu em 1998 mas, dez anos passados "muita coisa mudou, publicaram-se muitas obras sobre o tema, designadamente `Para uma história do fado` de Rui Vieira Nery, e há uma nova geração e um novo olhar sobre o fado".
O ateliê de João Santa-Rita que foi o autor do primeiro Museu voltou a ser escolhido para esta renovação, apostando o projecto de museografia de António Viana, na sobriedade de linhas e na cor branca das paredes "para sobressaírem os objectos expostos".
Um painel de fotografias de fadistas que ocupa os três pisos do Museu "dá as boas vindas ao público", enquanto o visitante munido de um audioguia, disponível em quatro línguas, explica a colecção e permite seleccionar os fados que cada um pretende ouvir.
A aposta nas novas tecnologias é outra das características do "novo" Museu do Fado, disponibilizando postos de consulta que permitem o acesso ao seu espólio, nomeadamente, imagens, repertório, registos áudio, biografia, programas de espectáculos e até pautas, se existirem.
"Esta é uma forma de combater o pouco espaço que temos e, ao mesmo tempo, aproximar o visitante ao nosso acervo", explicou Sara Pereira.
Com esta remodelação, "a relação afectiva que existe da comunidade fadista e do universo do fado com o Museu é ampliada. O cartaz da entrada constituído por vários fadistas é isso mesmo: dá as boas vindas e quer dizer `a casa é vossa`".
Quanto à exposição, procura-se o "diálogo entre obras emblemáticas do fado como o quadro de Malhoa e a Casa da Mariquinhas construída por Alfredo Marceneiro".
"Vamos ter em depósito o quadro de José Malhoa que pertence às colecções municipais, a gravura do Rafael Bordalo Pinheiro que representa os fadistas de 1873, uma litografia também das colecções dos museus municipais, o quadro do Constantino Esteves, `O marinheiro`, de 1913, do Museu do Chiado, e obras do Júlio Pomar. Teremos uma tela do Cândido da Costa Pinto, `Lisboeta`, de 1952, e uma outra tela que até aqui nunca foi exposta, inédita, do Arnaldo Louro de Almeida de 1947", adiantou Sara Pereira.
A encerrar o ciclo que se inicia com o óleo de Malhoa estará patente a tela de João Vieira, datada de 2005, "O mais português dos quadros a óleo" (versos do fado Malhoa criado por Amália) "e que é uma paródia ao quadro de José Malhoa".
Uma renovação que contou com a consultadoria do musicólogo Rui Vieira Nery e a "colaboração atenta" do Conselho do Fado, constituído pelos fadistas Vicente da Câmara e Carlos do Carmo, os músicos Luísa Amaro e António Chaínho, o construtor de guitarras Gilberto Grácio, a Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, representada por Julieta Estrela e Luís de Castro, e a Academia da Guitarra Portuguesa e do Fado, representada por Luís Penedo e Daniel Gouveia.
NL.
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