Um projeto transnacional coliderado pelo Politécnico de Leiria quer integrar dezenas de entidades nacionais na Rota da Oliveira, um itinerário cultural do Conselho da Europa.
"Existe uma Rota da Oliveira que está reconhecida pelo Conselho da Europa e essa rota envolve vários países. Portugal quase não figura nessa rota", disse à agência Lusa o coordenador nacional do projeto `Olive4All`, Francisco Dias, considerando que a mudança é uma "questão de um ano ou menos".
Segundo Francisco Dias, "as entidades nacionais podem ser membros efetivos da rota ou incluir pontos de interesse na rota".
"O que falta fazer é apenas um esforço de vontade, o preenchimento de alguns requisitos e alguma formalidade burocrática mínima, e facilmente teremos dezenas de entidades de norte a sul de Portugal a integrarem a Rota do Conselho da Europa", assegurou.
O também professor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche, do Politécnico de Leiria, explicou que com a adesão que a celebração do Dia Mundial da Oliveira registou este ano e no transato "significa que há forças vivas na sociedade que querem fazer algo para valorizar este património e associá-lo ao turismo".
Porém, Francisco Dias salientou que a mais-valia deste património "não é apenas o seu potencial turístico".
Para o investigador, se se olhar "para o universo olivícola apenas numa lógica de produção agrícola, produção de azeite" destruir-se-á, por exemplo, "o valor ecológico da diversidade das oliveiras", que têm centenas de variedades, além de que "o património inativo e toda a história e valor associados a esta produção milenar desaparecem".
"Não é tão-só o turismo, é também a preservação da cultura", defendeu, referindo ainda os impactos na preservação da natureza ou na diminuição das importações de azeite.
O projeto "Olive4All -- Património da Oliveira para o Desenvolvimento Sustentável: Sensibilização da Comunidade para o Património Vivo" ganhou o concurso europeu "Património Cultural, Identidades e Perspetivas: Responder às Sociedades em Mudança".
É também liderado pela Universidade de Avignon (França) e pela Universidade de Salónica (Grécia).
Os investigadores dos três países receberam um financiamento de 550 mil euros para estudar e promover o património olivícola, num projeto iniciado em 2021 e que termina em maio de 2025.
Segundo o sítio na Internet patrimoniocultural.gov.pt, "atualmente, o programa Itinerários Culturais do Conselho da Europa conta com 48 itinerários certificados por todo o continente".
"Em Portugal estão certificados 20 itinerários culturais do Conselho da Europa", sendo que a Rota da Oliveira "preserva e dinamiza a vivência civilizacional intimamente relacionada com esta árvore e os seus produtos, a cultura agrícola que lhe está associada, e as tradições que envolvem toda a produção da azeitona".