O projeto de investigação (EU)ROPA - Rise of Portuguese Architecture, que visa "caracterizar o fenómeno e desenvolvimento da arquitetura portuguesa" até ao século XXI, vai ser apresentado na terça-feira, na Fundação Marques da Silva, no Porto.
Em declarações à agência Lusa, Jorge Figueira, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), entidade que acolhe o projeto, explicou hoje que este tem por objetivo mapear, expandir e comunicar "uma nova dimensão crítica de um dos fenómenos mais reconhecidos da cultura contemporânea": a arquitetura portuguesa.
"Este projeto vai permitir ter uma visão antológica e crítica do fenómeno da arquitetura portuguesa, seja em termos mais remotos e antigos, seja do século XXI", afirmou o investigador responsável pelo (EU)ROPA, adiantando que o objetivo da equipa passa por "congregar" vários pontos de vista e "analisar as razões que estiveram na origem do seu desenvolvimento".
O (EU)ROPA - Rise of Portuguese Architecture, sediado no CES e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem a Fundação Marques da Silva como parceira, e vai ser apresentado publicamente, esta terça-feira, na Casa-Atelier José Marques da Silva, no Porto, às 18:30.
À Lusa, Jorge Figueira explicou que o projeto tem três finalidades: o mapeamento de fundamentos, a criação de uma plataforma `online` e o desenvolvimento de `workshops` em várias cidades europeias.
Os "fundamentos" que estiveram na origem do desenvolvimento da arquitetura portuguesa vão ser analisados tendo em conta algumas questões sociais e políticas, como é exemplo o Estado Novo (fascismo), o colonialismo, a democracia, a educação e até o papel das mulheres.
Segundo Jorge Figueira, o desenvolvimento da arquitetura portuguesa é uma "realidade bastante complexa", na medida em que acredita não estar apenas confinada "ao nosso retângulo", mas sim a países como Angola e territórios como Macau, na China.
"A expressão `arquitetura portuguesa` já existe há muito tempo. Aliás, durante o Estado Novo a arquitetura portuguesa é uma das expressões de domínio e propaganda do próprio Estado (...). Depois do 25 de Abril, a arquitetura portuguesa ganha um sentido completamente diferente, é uma arquitetura internacionalista, que estabelece relações com a Europa, Brasil e América", frisou o investigador.
No âmbito do (EU)ROPA, os investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra pretendem ainda criar uma "rede de jovens investigadores europeus", e promover `workshops` em algumas cidades europeias para debater os "grandes temas da nossa época, olhando para a arquitetura portuguesa".
"Do ponto de vista do presente, sabemos a importância do avanço e da beleza que foi criada pelos arquitetos portugueses, mas nós queremos saber o que é que vai acontecer no futuro, como é que os jovens entendem este fenómeno, se a sua vitalidade se vai ou não manter", apontou.
Além dos `workshops`, os oito investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra vão, até 2021, data do término do projeto, desenvolver um `site` onde vão estar compilados todos os resultados obtidos.
Para a sessão de apresentação do (EU)ROPA estão anunciados Jorge Figueira, investigador responsável, Bruno Gil, co-investigador responsável, e os arquitetos e investigadores de arquitetura e urbanismo Ana Vaz Milheiro, Carlos Machado e Moura, Carolina Coelho, Eliana Sousa Santos, Gonçalo Canto Moniz, José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia, Nuno Grande, Patrícia Santos Pedrosa e Rui Lobo.
O (EU)ROPA - Rise of Portuguese Architecture é um projeto financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, e por fundos portugueses através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.