Projeto coordenado por ONG portuguesa produz 12 livros juvenis em quatro PALOP

por Lusa

O projeto "Ilhas e Encantamentos" produziu 12 obras infantojuvenis em língua portuguesa, tendo algumas conteúdo em crioulo, em Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique, disse à Lusa um membro da entidade coordenadora da iniciativa.

O programa começou em janeiro de 2022 e deveria ter terminado em junho deste ano, mas "teve uma extensão [temporal] até ao final de novembro precisamente para dar tempo à publicação de todos os livros que estão previstos [três em cada país], bem como para se poder fazer um grande evento final que permitisse juntar todos os parceiros de todos os países", explicou à Lusa Jorge Morais da Organização Não-Governamental (ONG) portuguesa Instituto Marquês de Valle Flôr.

Esse evento acontece hoje, em Lisboa, com a presença das entidades parceiras do projeto nestes quatro Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP): a Sphaera Mundi (Cabo Verde), representada por Ana Mestre, a Artissal (Guiné-Bissau), representada por Rovena Ferreira, o Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (Ilha de Moçambique), representado por Alcínio Muimela, e a Casa da Cultura (São Tomé e Príncipe), representada por Mardgínia Pinto, segundo a nota de imprensa da ONG.

As obras literárias não estão todas publicadas - o que será feito até dezembro, em formato físico e digital -, mas estão produzidas, indicou Jorge Morais.

Numa primeira etapa, a quantidade de obras produzida será limitada, mas, no encontro de hoje será discutido, com os parceiros em Lisboa, como poderão, ao nível da sustentabilidade, "não deixar morrer este projeto", disse.

"Queremos que as obras continuem vivas, que possam ser feitas mais edições, que se consigam vender, mas que haja fundos para tal, de forma a criar um ciclo vicioso positivo no sentido das obras continuarem a ser vendidas no futuro", reiterou.

"As obras são em língua portuguesa, mas algumas delas contêm crioulo. Portanto, foi dada prioridade ao português, que é a língua que liga [estas nações], mas sempre que seja oportuno ter um idioma local, que seja feita uma parte ou uma edição, por exemplo em crioulo", explicou.

Assim, o objetivo é que as pessoas destes países também se identifiquem com os livros (o conteúdo e as estórias), prosseguiu.

Em cada nação, a escrita das obras foi diferente.

"Houve obras que foram escritas a várias mãos, digamos assim, com alguém que, no fundo, agregou contos e estórias que foi ouvindo de várias pessoas numa determinada localidade. Outras foram escritas com crianças que foram contando os contos e, portanto, não há uma regra para cada livro", salientou.

O Instituto Camões foi o gestor do projeto, que cofinancia com a União Europeia em cerca de 485.105 euros por fundos comunitários através do programa Procultura - Promoção do Emprego nas Atividades Geradoras de Rendimento no Setor Cultural dos PALOP e Timor-Leste, indicou.

Na opinião de Jorge Morais, o balanço do projeto foi positivo até porque, no início, surgiram algumas dificuldades no que diz respeito à segunda grande atividade do mesmo, além dos livros, que era a criação de casas de contos nestas quatro nações africanas.

As casas de contos são "um local, uma espécie de uma biblioteca com animação infantil", explicou.

Apesar de terem existido atrasos nas obras, foram criadas casas de contos em todos estes países, que "estão a ter uma muito boa adesão", frisou. 

"Estão a servir como pontos de contacto para as comunidades, não só como um local de literatura infantil, mas um local onde as crianças ficam quando não têm aulas, um local onde as próprias comunidades se reúnem para conversar, quase como um ponto de refúgio pela positiva, e isso surpreendeu-nos porque vai além daquilo que era o objetivo inicial", disse.

Estas casas de contos foram criadas em Cabo Verde em Porto Mosquito e na Cidade Velha, perto da cidade da Praia, na ilha de Santiago, em Bissau, na Ilha de Moçambique e em São Tomé e Príncipe na cidade de São Tomé e outra na ilha do Príncipe, enumerou.

Este programa está também a ajudar as pessoas locais através da criação paralela de atividade de venda. Por exemplo, em Cabo Verde há quem venda fantoches e bonecos nestes locais, concluiu.

O Instituto Marquês de Valle Flôr foi criado em 1951 como instituição privada de utilidade pública. É uma Fundação para o desenvolvimento e a cooperação, segundo a informação no `site` da entidade.

 

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