Projecto Memória lança na Internet fotografias antigas de Évora

por Agência LUSA

Mais de 600 fotografias de Évora, desde meados do século XIX até aos anos 60 do século XX, "assinadas" por diferentes fotógrafos, estão agora disponíveis na Internet, através de um banco de imagens digital designado Projecto Memória.

A iniciativa, que já se encontra on-line no endereço www.evora.net/cice/memoria, é da responsabilidade da Câmara Municipal de Évora e a sua entrada em funcionamento acontece numa altura em que se comemoram os 20 anos de Património Mundial do centro histórico da cidade.

"O projecto não mostra o que se passou nos últimos 20 anos, contém é imagens mais antigas. Mas é importante para que os mais jovens, que cresceram nestas duas décadas, percebam porque é que Évora é Património Mundial", realçou a vereadora Filomena Araújo, em declarações à agência Lusa.

O banco de imagens, nesta fase inicial, disponibiliza publicamente, através da Internet, 627 fotogramas pertencentes ao acervo do Arquivo Fotográfico Municipal, todos em baixa resolução para evitar que sejam pirateados.

Com um acervo de aproximadamente 350 mil espécies fotográficas tratadas, limpas, catalogadas e digitalizadas, o objectivo do Arquivo Fotográfico passa pela inserção, até final do ano, de um total de mil imagens no Projecto Memória.

"Trata-se de um trabalho lento porque não se trata só de arranjar, digitalizar e disponibilizar as imagens. Muitas delas chegam- nos sob a forma de negativos, sem identificação do local ou de quem é o fotógrafo que as tirou, e isso exige pesquisa", explicou Cármen Almeida, responsável pelo Arquivo.

Segundo a mesma especialista, que traça como meta para o final de 2007 um banco de imagens com duas mil fotografias, há também que "limpar e, se necessário, restaurar" os fotogramas, que só depois são digitalizados, devidamente acondicionados e inseridos numa base de dados.

O banco de imagens cobre um variado leque de temas, como o urbanismo, arte e património, etnografia, desporto, evolução urbana, trabalhos agrícolas, cartografia, equipamentos e actividades económicas ou retratos.

Vários fotógrafos profissionais e amadores de Évora, ou residentes na cidade, nomeadamente Maria Eugénia Reya Campos, Pereira & Prostes, José Pedro Braga Passaporte, Inácio Caldeira, José António Barbosa, António Passaporte, Gama Freixo, Eduardo Nogueira, entre outros, são os autores das fotografias.

Para exemplificar a importância da disponibilização deste património fotográfico através da Internet, Cármen Almeida destacou a colecção de retratos de Eduardo Nogueira, depositada no acervo do Arquivo Fotográfico.

"Todo o eborense, entre os anos 30 e 60, fez o retrato no Nogueira. Quando nasceu, na altura da primeira comunhão e do casamento ou quando se mascarou", realçou.

Contudo, Cármen Almeida lembrou que "é complicado" disponibilizar retratos, o que "levanta problemas do foro privado", pelo que apenas estão inseridas no banco de imagens "as fotografias relativamente às quais obtivemos autorização dos familiares para divulgar".

Referindo-se ao Projecto Memória como o "cantinho da saudade", a mesma responsável salientou ainda que o banco de imagens disponibiliza já "uma amostragem das diferentes colecções fotográficas" depositadas no Arquivo.

O "cibernauta" pode pesquisar as fotografias que mais lhe interessam aleatoriamente ou através de campos definidos (autor, data, legenda ou categoria) e, munido da cota de cada uma, dirigir-se ao Arquivo para obter uma cópia, de alta resolução, em formato digital.

Posteriormente, no próximo ano, quando entrar em funcionamento a Loja Municipal On-line, as encomendas podem ser feitas via Internet.

"Este projecto, num espaço virtual e com uma dimensão universal, engrandece Évora e permite que, mesmo as pessoas naturais ou que já residiram no concelho e que estão fora, ou os que gostam da cidade, acedam à Internet e recordem aspectos que fazem parte da memória, até para perceberem qual foi a evolução até aos dias de hoje", salientou a vereadora Filomena Araújo.

O espólio do Arquivo Fotográfico Municipal volta hoje a estar em foco nas comemorações dos 20 anos de Património Mundial da cidade, com a inauguração da exposição "Évora Desaparecida", no remodelado Convento dos Remédios.

A Igreja e o Convento de Nossa Senhora dos Remédios datam do século XVII, sendo que esse último edifício, alvo de obras de remodelação e beneficiação no valor de 1,7 milhões de euros, vai passar a albergar uma galeria de arte municipal, núcleo municipal de arqueologia, galeria para exposições temáticas e instalações polivalentes para actividades culturais.

PUB