O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, criticou hoje "discursos bonitos" em português e pediu ações concretas para o ensino da língua portuguesa, salientando a importância na história e na identidade dos timorenses.
"Hoje o que peço é que o ensino da língua tem de ser bom, senão, fazemos discursos bonitos, mas na realidade não estamos a preparar bem as pessoas para ensinarem os nossos filhos e netos em português", afirmou Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro timorense falava no Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (Infordep), em Díli, antes do início de um seminário alusivo ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado no passado domingo.
"Hoje todo o povo de Timor, sobretudo os jovens, falam um bocado o tétum e usam expressões em língua indonésia. Vamos ver se corrigimos isso e se o Ministério da Educação faz um estudo das expressões em indonésio" e faz uma "tradução em português", pediu Xanana Gusmão.
"Temos de criar algo que as crianças possam utilizar na sua linguagem, possam brincar com a língua, portanto, é um trabalho, não é apenas um discurso longo que as pessoas não compreendem porque não percebem português, mas ações concretas", continuou o primeiro-ministro timorense.
Para Xanana Gusmão, o problema passa também pela "formação de professores", salientando que se formam tantas enfermeiras, que depois vão trabalhar nas lojas chinesas, enquanto as crianças que vivem nas montanhas continuam sem escolas e professores e sem acesso à língua portuguesa.
"A educação, a formação de docentes e profissionais da educação têm de ser bem assegurados, porque senão são discursos sem resultados concretos", salientou o chefe do executivo timorense, acrescentando que o importante são as "ações, o programa e o cuidado da formação".
"Isto é que pode dar valor a este momento", disse, referindo-se ao Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Em relação à importância da língua portuguesa na história e identidade dos timorenses, Xanana Gusmão lembrou que se Timor-Leste não tivesse sido colonizado por Portugal hoje seria apenas parte de uma província indonésia.
Na cerimónia estiveram também presentes a ministra da Educação, Dulce Soares, bem como a embaixadora de Portugal, Manuela Bairos, e uma representante da embaixada do Brasil.
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