Oslo, 27 nov (Lusa) -- A participação do cantor britânico Morrissey no concerto do Prémio Nobel, hoje divulgada, está a gerar polémica na Noruega, onde as declarações do artista após os ataques do militante de extrema-direita Anders Behring Breivik foram mal recebidas.
Poucos dias depois dos ataques de Breivik, cometidos a 22 de julho de 2011 e que mataram 77 pessoas, o antigo vocalista do grupo The Smiths, um reconhecido vegetariano, fez uma comparação entre as vítimas do massacre, a maioria adolescentes, e os animais criados para fornecer as grandes redes de comida rápida (fast-food).
"Isso não é nada comparado com o que acontece todos os dias no McDonald's ou no 'Kentucky Fried Shit'", afirmou o cantor, numa referência ao massacre, durante um concerto na Polónia.
A cerca de duas semanas do tradicional concerto do Nobel, agendado para 11 de dezembro, em honra do laureado do Prémio Nobel da Paz - atribuído este ano à Organização para a Proibição das Armas Químicas -, os organizadores indicaram que Morrissey figurava entre os artistas convidados.
A decisão foi mal recebida por uma parte da opinião pública norueguesa.
"Bizarro", "Um gosto amargo na boca" e "Triste" foram alguns dos comentários publicados na rede social Twitter.
"É o homem certo para o concerto Nobel?", questionou o principal jornal norueguês, Afterposten, na sua primeira página, respondendo de forma negativa num artigo publicado nas páginas interiores.
Os organizadores do concerto excluem, no entanto, "nesta fase" cancelar a presença de Morrissey.
As declarações do cantor foram "monstruosas", admitiu o produtor Odd Arvid Stroemstad, mas "as suas explicações foram suficientemente convincentes para não privá-lo do direito de prestar homenagem ao prémio Nobel".
A par de Morrissey, o concerto vai contar ainda com a presença do cantor britânico James Blunt, do músico sírio Omar Souleyman e da atriz norte-americana Claire Danes, que vai apresentar o evento.
