Prémio Literário UCCLA entregue a geólogo brasileiro que "esculpiu" um livro

por Lusa

O brasileiro Leonardo Oliveira, vencedor da sexta edição do Prémio Literário UCCLA, disse hoje que recorreu à sua experiência como geólogo para escrever, habituado que está a interpretar as rochas como páginas de um livro sobre a história da terra.

"Os melhores geólogos são os que, baseados na melhor das evidências científicas, conseguem desvendar os suspiros que há milhões de anos as rochas sopram para nós", afirmou Leonardo Oliveira, a partir do Brasil, durante a cerimónia do anúncio do vencedor do Prémio Literário UCCLA 2021, que decorreu em Lisboa e por videoconferência.

Leonardo Oliveira, 38 anos, foi um dos 700 candidatos, de 21 países, a este prémio que foi lançado em 2015 e tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela e conto) e da poesia, em língua portuguesa, por novos escritores.

O anúncio do vencedor decorreu hoje, Dia Mundial da Língua Portuguesa, e "O Sonho de Amadeu" de Leonardo Oliveira a obra galardoada.

De acordo com o júri, a obra vencedora é "prosa trabalhada, frase curta, paisagens urbanas".

"No prólogo que é já um trabalho de ficção, ou o início do fingimento, o autor fala depois da morte, como se a narrativa viesse dum além-túmulo sobressaltar-nos", prossegue o júri.

Leonardo Costa de Oliveira nasceu em 1983, em Paracambi, no interior do Rio de Janeiro. É geólogo, mestre em análise de bacias sedimentares e doutor em geociências. Foi professor assistente na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) entre 2009 e 2013 e atualmente trabalha como geofísico na sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro.

Na cerimónia de hoje partilhou a surpresa com que recebeu a notícia de que tinha vencido este prémio e referiu que, na sua carreira profissional, a escrita é técnica e "quase sempre desprovida de emoção".

"Mas ninguém é uma só coisa", afirmou, acrescentando que às rochas e aos mistérios que encerram foi buscar muita da inspiração, até porque os geólogos "também se dedicam a desvendar a história da terra através das páginas que as rochas escrevem, amachucadas e muitas vezes inexistentes".

Por isso, concluiu, acabou com o sentimento de que não escreveu, mas sim esculpiu um livro.

Na apresentação dos vencedores, o coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Rui Lourido, sublinhou a diversidade dos candidatos, oriundos de todos os continentes e com um abrangente leque de idades.

A maioria (56%) dos candidatos é jovem, mas dois deles tinham 90 anos, indicou.

Nesta edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa foram atribuídas três menções honrosas: "Entre Lobo e Cão", de Artur Siqueira Brahm, 28 anos, do Rio Grande, Brasil, "Rios", de Paulo Cesar Ricci Romão, 34 anos, de São Paulo, Brasil e "Lemas", de José Pessoa, 62 anos, de Belo Horizonte, Brasil.

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