O Museu do Dinheiro, em Lisboa, foi distinguido com o Prémio Acesso Cultura - Acessibilidade Integrada, anunciou a organização do galardão, numa cerimónia que decorreu na Biblioteca de Marvila, em Lisboa.
De acordo com Maria Vlachou, da Associação Acesso Cultura, organizadora dos prémios, que distinguem as boas práticas nesta área, o galardão incide nos aspetos da acessibilidade física, social e intelectual, e teve a unanimidade do júri.
Inaugurado a 20 de abril de 2016, o Museu do Dinheiro, em Lisboa, foi também vencedor, este ano, do prémio Melhor Museu do Ano 2017 atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM).
Para o júri do Prémio Acesso Cultura, o projeto "assume desde a sua conceção, museografia e relação com os públicos um compromisso maior com a acessibilidade, trabalhando-a de forma integrada e inclusiva", assente "numa visão holística e integradora".
Os aspetos destacados pelo júri foram, na acessibilidade física, "a promoção das aprendizagens sensíveis através do toque e do lado experiencial; adaptação do espaço arquitetónico e dos equipamentos expositivos a diferentes capacidades motoras; possibilidade de aceder a conteúdos à distância e sinalética acessível".
Na acessibilidade social, foi realçada a "gratuitidade; programa de voluntariado para ex-colaboradores da instituição e projeto de longa duração com comunidades migrantes (O Museu na Mouraria)".
Na acessibilidade intelectual, destaca-se a existência de "um programa cultural e educativo diversificado; atividades que promovem o pensamento crítico, a criatividade, e as relações entre os participantes e dispositivos interativos que respondem aos processos de conhecimento das sociedades atuais".
Além do prémio que reúne os três níveis da acessibilidade, a associação também entrega prémios por cada um deles, nomeadamente, o Prémio Acesso Cultura - Acessibilidade Física, este ano atribuído à Câmara Municipal do Porto, pelo projeto SIA (Sistemas de Itinerários Acessíveis), da responsabilidade da Provedoria dos Cidadãos com Deficiência da autarquia.
Este projeto, segundo o júri, "cumpre o seu objetivo de facilitar a proximidade com a população da cidade, através de um portal sempre disponível, e de responder aos desafios do quotidiano, contornando obstáculos".
Nesta área, foi atribuída ainda uma Menção Honrosa à Câmara Municipal da Batalha, pela Aldeia Pia do Urso - Ecoparque Sensorial da Pia do Urso, projeto promovido pela autarquia para pessoas invisuais e recuperado desde 2010.
Quanto ao Prémio Acesso Cultura - Acessibilidade Social, foi entregue também à Câmara Municipal do Porto pelo Cultura em Expansão, um projeto que desenvolve há um conjunto de atividades que permitem levar espetáculos a zonas periféricas e carenciadas da cidade do Porto, como também envolver a comunidade em laboratórios criativos e as respetivas apresentações nos palcos principais da cidade.
Foi também entregue uma Menção Honrosa ao Teatro Nacional São João pelo projeto "Um Teatro Para Todos", iniciativa que "fomenta a acessibilidade física através de lugares cativos para pessoas com mobilidade reduzida ou a acessibilidade de conteúdos".
Este projeto tem sido desenvolvido através de tradução em língua gestual, áudio descrição, ou através das sessões culturais descontraídas, que promovem no decorrer dos espetáculos um ambiente mais informal, com maior flexibilidade de movimentos e de ruídos na sala.
Quanto ao Prémio Acesso Cultura - Acessibilidade Intelectual, foi entregue `ex-aequo` a duas entidades: Associação Histórias para Pensar - Mãos que Cantam e ANACED - Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficiência.
A Associação Histórias para Pensar, segundo o júri, desenvolveu um projeto que "une ouvintes e não ouvintes num coro único, que continua a encontrar na música e na criação um espaço de liberdade".
Por seu turno, desde há quase 30 anos que a ANACED, "com o objetivo de romper preconceitos, dá a conhecer a diversidade de talentos, criatividade e formas de expressão artística que existem também nas pessoas com alterações da sua funcionalidade", através de exposições pelo país, sublinha ainda o júri.
Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa ao Museu de Lisboa, com o projeto "Nós por Todos".
O júri foi composto por Dália Paulo, museóloga, presidente da direção da Acesso Cultura, Marco Paiva, ator, encenador, e Maria José Lorena, da Fundação LIGA.
Os prémios são atribuídos no decorrer da Semana Acesso Cultura, que está a promover atividades até domingo, com a abertura de portas aos bastidores de instituições culturais de todo o país.
A organização recebeu este ano 40 candidaturas de vários pontos do país, para o galardão que tem como objetivo distinguir, divulgar e promover entidades e projetos que se diferenciam pelo desenvolvimento de políticas exemplares e de boas práticas na promoção da melhoria das condições de acesso aos espaços culturais e à oferta cultural, em Portugal.
Outro dos objetivos da organização é criar exigência junto dos públicos, nesta área.