Português é língua da luz, paz e espiritualidade em Cabo Verde (Gilberto Gil)

por Agência LUSA

O ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, defendeu hoje em Cabo Verde que a língua portuguesa não precisa de entrar na banalização dos processos económicos globais para se impor.

O popular cantor e governante brasileiro justificou a afirmação com a convicção de que o português "é a língua da luz (fazendo uma curta glosa com a lusitanidade da sua origem), da paz e da pluralidade".

"Não se deve chorar sobre o leite derramado", sublinhou Gilberto Gil para minimizar a eventual perda do português no confronto com o inglês ou o francês no campo da tal "banalização dos processos económicos globais".

Numa arrojada defesa do português como "língua poderosa de Cultura", Gil enfatizou que a língua de Camões ou Jorge Amado tem "uma dimensão ontológica que, por vezes, ultrapassa o inglês ou o francês".

"Entendo que não deveria interessar ao mundo da língua portuguesa a conquista no plano material dos espaços, mas sim a conquista no plano da produção cultural e da espiritualidade", afirmou.

Gilberto Gil contrariou a ideia de que o português, depois de todas as parcelas somadas, esteja em perda de terreno, porque, vincou, "o português é das línguas mais qualificadas do mundo".

E garantiu que, ainda neste âmbito, o Brasil defende "o reforço entusiasta da cooperação cultural entre todos os estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)".

O ministro da Cultura brasileiro termina às primeiras horas da manhã de quinta-feira uma visita de dois dias a Cabo Verde.

Das múltiplas reuniões que Gil manteve com as autoridades cabo- verdianas, nomeadamente o seu homólogo cabo-verdiano, Manuel Veiga, saiu a certeza de que "há vários domínios" em que a cooperação pode ser alargada, deixando a certeza de que no início de 2005 estará no arquipélago uma missão brasileira para estudar os vários planos de actuação.

Gilberto Gil, confrontado pelos jornalistas quanto à decisão do governo de Cabo Verde de oficializar o crioulo como língua oficial no país, a par do português, defendeu que esse é um processo natural e "bem vindo", porque "mais é sempre melhor que menos".


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