Pintura dos relógios derretidos de Salvador Dalí exposta em Londres

por © 2004 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A famosa pintura de Salvador Dalí dos relógios derretidos numa paisagem inóspita vai estar em exibição em Londres a partir de sexta-feira, numa exposição centrada nas relações do artista com o cinema.

Exposta na Tate Britain, esta é uma rara oportunidade para ver na Europa a peça, intitulada "A Persistência da memória", pois pertence à colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

A obra, datada de 1931, é provavelmente a mais conhecida do pintor surrealista, repetida hoje em calendários e postais, mas a exposição explora um lado menos conhecido do artista, a sua colaboração com a sétima arte.

A sua primeira incursão no cinema foi uma colaboração com o compatriota espanhol Luis Buñuel em "Un Chien Andalou" em 1929, ajudando a criar a célebre cena do olho cortado por uma lâmina.

No ano seguinte, Dalí terá também colaborado em "L`Âge d`Or", mas foi Buñuel quem seguiu com sucesso a carreira cinematográfica, enquanto Dalí progrediu nas artes plásticas.

Influenciado também pelo cinema, nomeadamente pelos humoristas Charlie Chaplin, Harry Langdon ou Buster Keaton, Dalí criou pinturas oníricas que diversos cineastas procuraram transportar para os seus filmes.

Alfred Hitchcock recrutou o artista catalão para desenhar a cena do sonho de Gregory Peck em "Spellbound" ["A Casa Encantada", em português], e a sua marca é reconhecida.

Mas na gaveta ficaram outros projectos, como um guião que escreveu para os Irmãos Marx e uma colaboração com Fritz Lang.

O mesmo destino estava marcado para um filme de animação encomendado a Dalí por Walt Disney, para quem trabalhou oito meses, antes de abandonar o projecto.

Intitulado "Destino", o curto filme (sete minutos) foi recuperado e terminado em 2003 devido à tenacidade do neto do fundador dos estúdios, Roy Disney, e será exibido pela primeira vez no Reino Unido.

Além de excertos de filmes, a exposição inclui mais de uma centena de objectos, incluindo pinturas, fotografias, manuscritos e desenhos que relacionam Dalí com o cinema.

Destes fazem parte obras menos reconhecidas, mas cuja ligação ao cinema é evidente, como os retratos que Dalí fez de Laurence Olivier no papel de Ricardo III (1955) e do presidente dos estúdios Warner, Jack Warner, ou a colagem "O Casamento de Buster Keaton".

A exposição abre ao público sexta-feira e termina a 09 de Setembro, seguindo depois para os EUA, onde fará uma digressão por vários museus em Los Angeles, São Petersburgo (Flórida), até terminar no museu de Arte de Moderna, em Nova Iorque.

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