Um grupo de ativistas pró-Palestina e de elementos do movimento de luta pelos direitos da comunidade LGBT concentrou-se ontem junto ao Finalmente para contestar a festa de orgulho israelita marcada para o mítico bar da comunidade gay em Lisboa. Acusando Israel de mais uma tentativa de pinkwashing, vários grupos deixaram um apelo à comunidade para se distanciar do que consideram ser "o crime israelita contra a população palestiniana".
Ao fim da tarde, meia centena de manifestantes concentravam-se à porta do bar que há décadas acolhe a comunidade gay da capital e durante duas horas gritaram slogans contra a ocupação israelita da Palestina: “No pride in apartheid”, “No pride in genocide” ou “Não é orgulho, é vergonha” foram algumas das frases que deram decibéis ao protesto que rejeitou a associação israelita aos movimentos LGBT.
Os manifestantes respondiam assim a uma carta aberta – “Num regime apartheid não há espaço para os direitos LGBTQI+” – subscrita por vários grupos de orgulho gay e que acusava “Israel de continuar a impor um regime de apartheid e de limpeza étnica sobre o povo palestiniano”.
“Em nosso nome não toleraremos nenhum tipo de pinkwashing a um Estado genocida”, aponta a carta quando se refere ao evento marcado para o Finalmente.
“Foi com indignação que vimos o anúncio de uma Israeli Party no mítico Finalmente Club, no próximo dia 7 de junho. A imagem utilizada para a divulgação mostra a bandeira LGBTQI+ e a bandeira israelita lado a lado, incentivando toda a comunidade LGBTQI+ em Lisboa a participar nesta celebração de orgulho israelita”, acusam os organizadores do protesto, sublinhando que “esta festa, a ter lugar no Finalmente, local que tanto acarinhamos, é um exemplo incontestável desta prática [de pinkwashing]. Cidadãos palestinianos são assassinados diariamente pela ação colonizadora do Estado Israelita, num massacre contra a humanidade que exige a nossa frontal condenação. Israel tenta limpar a sua imagem, apresentando-se como um Estado defensor dos direitos LGBTQI+”.
Os ativistas apontam o dedo à organização israelita, denunciando que “esta narrativa é falsa e serve um claro propósito político: a ocultação do massacre terrorista ao povo palestiniano”, numa recusa explícita da política interna israelita: “Não aceitamos estereótipos racistas de pessoas palestinianas. Não aceitamos manobras de diversão que nos tentam fazer esquecer a ocupação israelita. A luta de libertação queer não é separada da luta de libertação palestiniana”.
A acompanhar o grupo que à porta do finalmente empunhava bandeiras da Palestina estavam elementos do Comité Solidariedade com a Palestina e dos Panteras Rosas (Frente de Combate à LesBiGayTransFobia), movimento que luta contra as discriminações e agressões de que é alvo a comunidade LGBT.